O bolívar soberano (Bs.S, ou VES sigla oficial internacional) surge da reconversão anunciada sexta-feira pelo Presidente Nicolás Maduro e que elimina cinco zeros ao atual bolívar forte (BSF) e compreende papel-moeda de oito valores diferentes: dois, cinco, dez, 20, 50, 100, 200 e 500 Bs.S) e duas moedas metálicas (de 50 centavos e 1 Bs.S).
Por outro lado a cripto moeda venezuelana petro passa a ser de uso contabilístico obrigatório para todas as operações da empresa estatal Petróleos da Venezuela SA e o setor petrolífero, e cujo valor equivale a 3.600 bolívares soberanos.
O salário mínimo mensal dos venezuelanos e os preços dos produtos passam a ser afixados com base no valor do petro, que por sua vez está indexado ao valor do preço internacional do barril de crude e estará assente nas reservas de vários recursos naturais, como o petróleo, ouro, diamantes e gás natural.
Com a reconversão monetária que hoje entra em vigor, a Venezuela realizou nos últimos 20 anos duas operações deste tipo, substituindo ou aumentando as notas que estavam em circulação, nalguns casos introduzindo moedas metálicas.
Decretada pelo falecido líder socialista Hugo Chávez – Presidente entre 1999 e 2013 -, a primeira reconversão teve lugar em janeiro de 2008, altura em que o bolívar perdeu três zeros e foi criado o bolívar forte.
A segunda reconversão foi anunciada por Nicolás Maduro a 22 de março último com data de aplicação a 4 de junho de 2018.
A reconversão, que inicialmente eliminaria somente três zeros ao bolívar forte, foi adiada e hoje entra finalmente em vigor com a introdução do bolívar soberano e a subtração de cinco zeros à moeda até agora em vigor.
A reconversão da moeda faz parte de um contestado novo pacote económico, que o Governo acredita solucionará a crise no país e que passa pelo aumento do salário mínimo dos venezuelanos, uma subida do IVA de 12% para 16% mas com isenção de produtos e medicamentos essenciais.
As alterações contemplam ainda a imposição de um imposto às grandes transações, o aumento do preço dos combustíveis para equiparar a níveis internacionais, um novo sistema de controlo cambial e um programa de "austeridade e zero défice fiscal" cujos pormenores ainda não foram anunciados.
O Fundo Monetário Internacional prevê que a Venezuela terminará 2018 com uma inflação anual acumulada de 1.000.000%.
A falta de segurança, os baixos salários, os altos preços e a escassez de produtos e medicamentos têm levado dezenas de milhares de venezuelanos a emigrar para outros países, designadamente os vizinhos Brasil e Colômbia, mas também para o Peru e Equador.
LUSA