A declaração do OLA, considerada uma organização terrorista pelas autoridades etíopes, foi feita numa altura em que a região do Corno de África enfrenta uma seca severa devido a várias temporadas de fraca pluviosidade, bem como conflitos em algumas áreas.
O OLA ofereceu-se para “cooperar com uma declaração de trégua humanitária para permitir que agências humanitárias prestem assistência às áreas afetadas”, disse em comunicado o porta-voz Odaa Tarbii.
O movimento rebelde acrescentou que abrirá um corredor humanitário se a trégua falhar “ou até que isso seja negociado enquanto o governo da Etiópia se arrasta”.
Um porta-voz do governo federal da Etiópia, Legesse Tulu, escusou-se a comentar a oferta dos rebeldes.
Oromia, o maior dos estados federais da Etiópia, é uma das áreas de seca mais severamente afetadas no país.
A agência humanitária das Nações Unidas (OCHA) disse este mês que mais de 20 milhões de pessoas na Etiópia, dos quais quase três quartos são mulheres e crianças, devem precisar de assistência este ano.
“A Etiópia enfrenta a sua pior seca nos últimos 40 anos, e o impacto está a ser sentido em mais áreas no sul e leste do país”, disse a OCHA, observando o agravamento dos níveis de desnutrição e a morte de mais de três milhões de cabeças de gado.
Na sua declaração, o OLA afirmou que mulheres e crianças estão a “morrer diariamente de fome”, mas as autoridades etíopes negam essa alegação.
No domingo, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, criticou um esforço da ONU para enviar cereais da Ucrânia para a Etiópia.
“Querem passar a imagem de que estamos a passar fome”, afirmou.
Mas o chefe de uma organização não-governamental local numa das áreas mais afetadas do país, a zona de Konso, disse à Associated Press, sob condição de não ser identificado, que a fome é generalizada.
“A nossa área, a zona de Konso, era bem conhecida pelos seus canais e terraços que nos ajudaram a alimentar ao longo de gerações”, disse aquele dirigente, que acrescentou: “Este ano ocorreu uma seca severa que está a ceifar a vida de crianças e dezenas de milhares de cabeças de gado. Não estamos a receber a ajuda que queremos e estamos desesperados por ajuda humanitária”.