Saltar para o conteúdo
    • Notícias
    • Desporto
    • Televisão
    • Rádio
    • RTP Play
    • RTP Palco
    • Zigzag Play
    • RTP Ensina
    • RTP Arquivos
RTP Madeira
  • Notícias
  • Desporto
  • Especiais
  • Programas
  • Programação
  • + RTP Madeira
    Moradas e Telefones Frequências Redes de Satélites

NO AR
Imagem de Rap é um «espaço embrionário» do movimento antirracista em Portugal
Sociedade 06 set, 2023, 12:33

Rap é um «espaço embrionário» do movimento antirracista em Portugal

O rap é um catalisador e um espaço embrionário do movimento antirracista que se formou em Portugal a partir dos anos 1990, assumindo-se como lugar de denúncia, mas também instrumento de consciencialização, concluiu uma tese de doutoramento.

“O rap é tudo ao mesmo tempo: um catalisador e um espaço embrionário [do movimento antirracista]. Chega nos anos 1980 e vai-se alicerçando entre a jovem comunidade negra da periferia de Lisboa. Tem um papel de consciencialização das questões raciais, mas também se assume como um espaço de denúncia, onde os jovens negros podiam ter a voz que o Estado não lhes dava”, afirmou à agência Lusa Pedro Varela, que concluiu uma tese de doutoramento na Universidade de Coimbra que estuda o antirracismo em Portugal desde o início do século XX.

Ao longo da investigação, Pedro Varela dividiu o antirracismo no país em três momentos: o movimento negro entre 1911 e 1933 com publicação de jornais e participação em congressos pan-africanistas; o papel da poesia e da literatura entre 1942 e 1963 numa geração marcada pelo nacionalismo africano e lutas independentistas; e, por último, o movimento que emergiu nos anos 1990 e que se estende até hoje, com o surgimento de organizações antirracistas, associações de imigrantes e o rap.

Pedro Varela não aponta para uma data ou ano para o arranque do movimento antirracista que hoje se conhece, mas entende o nascimento da SOS Racismo (a partir da conexão de setores do Partido Socialista Revolucionário e da Juventude Comunista Portuguesa), nos anos 1990, como um momento central.

“O movimento que hoje conhecemos já se vinha a formar nos anos 1980, mas o aparecimento da SOS Racismo é fundamental, porque torna-se uma voz pública na época e que dura até hoje e que vai conectar diferentes setores da sociedade”, apontou.

No arranque da década de 1990, marcado pelo fim do apartheid na África do Sul e pelos motins antirracistas de 1992 nos Estados Unidos, surgem várias associações antirracistas, como a SOS Racismo, Frente Anti-Racista ou Movimento Anti-racista, mas que eram predominantemente brancas.

Essa década é também marcada pelo homicídio do cidadão de origem cabo-verdiana Alcindo Monteiro, em 1995, por membros da extrema-direita portuguesa, um crime de ódio que ganha repercussões mediáticas e que espoleta as maiores manifestações contra o racismo até à altura, no país, com milhares de pessoas a juntarem-se nas ruas de Lisboa e do Porto.

Se o primeiro contacto com a cultura do hip-hop remonta aos anos 1980, mais centrado no breakdance face ao fenómeno de filmes como “Breakin’” e “Beat Street”, é nos anos 90 que o género ganha força no país, assumindo-se desde início como uma plataforma de denúncia do racismo e da violência policial, constatou.

No início dessa década, o movimento rap português já se apresentava em festivais no Incrível Almadense e na Voz do Operário e, em 1992, a imprensa portuguesa “descobre” o estilo, elegendo, posteriormente, 1995 como “o ano do rap em Portugal”, com um ‘boom’ de concertos, maior circulação nas rádios e atenção por parte da comunicação social.

Entre 1994 e 1995, surgem artistas e grupos como General D, Da Weasel, Black Company, Mind da Gap, assim como a compilação “Rapública”, tida como um marco no rap português, onde figuram nomes como Boss AC, Family, Líderes da Nova Mensagem ou Zona Dread.

A denúncia está presente em quase todos os trabalhos iniciais. Da Weasel, em “Todagente”, afirmavam: “Toda a gente grita: Todos diferentes, todos iguais! Mas se calhar há uns quantos bacanos a mais”.

“A luz da revolta está acesa/ E ilumina a cidade/ Com idiotas disfarçados que abusam da autoridade/ Peões da falsa tolerância/ Enquanto alguém na piscina comanda o povo à distância”, criticava, por seu turno, Boss AC, no tema “A Verdade”, na coletânea “Rapública”.

Os Zona Dread, também na compilação “Rapública”, constatavam que “o racismo está nas ruas de Lisboa” e “o Governo finge que tudo tá na boa”, e General D, em “Portukkkal é um erro”, denunciava uma nação cujos pilares assentavam no racismo e etnocentrismo, criticando também a polícia, que trata o seu “irmão como um animal”, numa música incluída no EP “Portukkal”, de 1994, que, para Pedro Varela, “é um hino à africanidade e negritude”.

Nas entrevistas realizadas por Pedro Varela para a sua tese, Lúcia Furtado, líder da organização Femafro, e António Tonga, ativista da Consciência Negra, realçam a importância do rap e da forma como se falava de racismo, identidade e violência policial, de uma forma “crua e dura”.

“O nosso movimento, mesmo agora quando temos três mulheres eleitas deputadas [entrevista feita em 2019], continua a ser um movimento sem a inserção social que deveria ter. […] O rap preenche esse papel muito bem”, notou António Tonga, considerando que aquele género musical cria um elo entre o movimento de 1990 e o atual.

Foi num ambiente de “racismo institucional e violência policial” que o ativismo de jovens negros na periferia se formou, muitas das vezes ligado ao rap e a associações de bairros, notou Pedro Varela.

Segundo o investigador, para além de o rap se assumir como a voz das periferias (no Porto, de uma periferia branca e pobre, em Lisboa, de uma periferia racializada), acaba também por assumir um papel na consciencialização do que era o racismo para a população jovem branca.

Ao mesmo tempo, lugares como Miratejo, entendido como espaço onde o rap em Portugal nasceu, não eram apenas os locais onde se juntavam para cantar, mas também para conviver, com ideias e músicas a circular entre bairros.

Na viragem do século, esses jovens, muitos deles já nascidos em Portugal, começaram também a formar associações já maioritariamente negras, como é o caso da Khapaz, formada na Arrentela (Seixal), em 2000, que tinha como um dos seus fundadores o rapper Chullage.

Perante o estudo, Pedro Varela considerou que o rap é também uma forma extremamente rica de se olhar para a história recente de Portugal, a partir de uma perspetiva de “pessoas que são segregadas e oprimidas”.

“É uma história alicerçada nas classes populares, que relatam aquilo que são as desigualdades sociais, o que é a pobreza. O rap português é um arquivo brutal, porque é um estilo de música focado nas letras, na palavra, e temos milhares de pessoas que o fazem. Acho que se deveria olhar para o rap como o Giacometti olhou para a música tradicional portuguesa. Porque um arquivo do rap em Portugal é um arquivo das histórias que são totalmente invisibilizadas”, defendeu.

Lusa

Pode também gostar

Imagem de JPP falhou objetivo de eleger um deputado nos Açores (áudio)

JPP falhou objetivo de eleger um deputado nos Açores (áudio)

Imagem de Preço dos combustíveis na Região mantêm-se mais baixos do que no continente

Preço dos combustíveis na Região mantêm-se mais baixos do que no continente

Imagem de Fim do paquete Funchal

Fim do paquete Funchal

Imagem de Pontassolense recebeu e venceu a Ribeira Brava (Vídeo)

Pontassolense recebeu e venceu a Ribeira Brava (Vídeo)

Imagem de Já foram abatidos 800 pinheiros para o Natal

Já foram abatidos 800 pinheiros para o Natal

Imagem de Carnaval. Caneca Furada evoca a febre da Disco, estilo musical que marcou os anos 70 (Vídeo)

Carnaval. Caneca Furada evoca a febre da Disco, estilo musical que marcou os anos 70 (Vídeo)

Imagem de Pilotos do campeonato nacional entregam troféus

Pilotos do campeonato nacional entregam troféus

Imagem de Céu nublado e possibilidade de chuva

Céu nublado e possibilidade de chuva

Imagem de Sismo registado ao largo da Madeira

Sismo registado ao largo da Madeira

Imagem de PSD destaca a discriminação positiva para os concelhos do norte (vídeo)

PSD destaca a discriminação positiva para os concelhos do norte (vídeo)

PUB
RTP Madeira

Siga-nos nas redes sociais

Siga-nos nas redes sociais

  • Aceder ao Facebook da RTP Madeira
  • Aceder ao Instagram da RTP Madeira

Instale a aplicação RTP Play

  • Descarregar a aplicação RTP Play da Apple Store
  • Descarregar a aplicação RTP Play do Google Play
  • Redes de Satélites
  • Frequências
  • Moradas e Telefones
Logo RTP RTP
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Youtube
  • flickr
    • NOTÍCIAS
    • DESPORTO
    • TELEVISÃO
    • RÁDIO
    • RTP ARQUIVOS
    • RTP Ensina
    • RTP PLAY
      • EM DIRETO
      • REVER PROGRAMAS
    • CONCURSOS
      • Perguntas frequentes
      • Contactos
    • CONTACTOS
    • Provedora do Telespectador
    • Provedora do Ouvinte
    • ACESSIBILIDADES
    • Satélites
    • A EMPRESA
    • CONSELHO GERAL INDEPENDENTE
    • CONSELHO DE OPINIÃO
    • CONTRATO DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO E TELEVISÃO
    • RGPD
      • Gestão das definições de Cookies
Política de Privacidade | Política de Cookies | Termos e Condições | Publicidade
© RTP, Rádio e Televisão de Portugal 2025