"Os colegas, claro, que ficam desagradados, porque isso provoca alarme, provoca alguma desconfiança pública, mas tudo o que eu disse é do conhecimento público", afirmou Rafael Macedo, depois de ter sido ouvido na delegação do Conselho Médico da Madeira da Ordem dos Médicos, no Funchal, com a presença do bastonário, Miguel Guimarães.
No dia 20 de março, o coordenador da Unidade de Medicina Nuclear do SESARAM disse em audição parlamentar que "alguns colegas são negligentes", quer no setor público como no privado, acusando-os de fornecerem tratamentos que "não são adequados" e apontando ainda deficiências nas fichas clínicas e no registo de doentes, bem como desatualização relativamente a novas práticas.
O médico sublinhou, em particular, os serviços de Hemato-Oncologia, Urologia e Ortopedia, dizendo que funcionam "muito mal" e, por outro lado, disse que havia "desvio deliberado" de doentes para o setor privado.
A situação motivou a instauração de três processos disciplinares no Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos, hoje confirmados pelo bastonário e também por Rafael Macedo após a reunião.
O médico chegou à sede da Ordem dos Médicos acompanhado por cerca de 30 pessoas, que o apoiam nas denúncias, e disse que estava a ser vítima de um "linchamento público" e depois saiu afirmando que nunca teve intenção de denegrir qualquer colega, mas apenas de "vincar que existem algumas práticas que não são as mais adequadas para os doentes".
"Essas situações estão nas devidas instâncias e serão esclarecidas", afirmou, sublinhando que tem provas do que afirma e que está "tranquilo desde o início".
"Daquilo que objetivei, vários processos, alguns deles estão trancados no meu ambiente de trabalho, porque trancaram a minha área de trabalho, mudaram as fechaduras e deram-me um caixote para levar as coisas. A minha área de trabalho do computador do Hospital [Central do Funchal] está trancada. Lá dentro tinha vários processos clínicos que realmente corroboravam essa situação", declarou.
O coordenador e único especialista em Medicina Nuclear na Madeira encontra-se, entretanto, suspenso pela administração do SESARAM.
O bastonário da Ordem dos Médicos disse, por seu lado, que durante a reunião Rafael Macedo "não mostrou provas", indicando que a reunião serviu para ouvir as suas explicações e, simultaneamente, para "dar alguma tranquilidade e não causar alarmismo" na população.
"Ele será avaliado [pelo Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos]", disse, referindo que eventualmente poderá incorrer numa de quatro penas, caso dos processos não sejam arquivados: advertência, censura, suspensão ou expulsão.
LUSA