"Vamos inaugurar dentro de pouco tempo o radar de Porto Santo, esperamos que seja no final deste ano ou nos primeiros dias de janeiro, já estamos em fase pré-operacional. Já estamos a trabalhar em Santa Bárbara [na ilha Terceira], nos Açores na recuperação do que sobrou do radar de Santa Bárbara e durante o próximo ano vamos instalar um novo radar nos Açores", disse Miguel Miranda em entrevista à agência Lusa.
O radar que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) vai recuperar era operado pela Força Aérea dos Estados Unidos, que decidiu desativá-lo na sequência da redução da presença militar na base das Lajes, tendo retirado parte da estrutura.
No início do próximo ano deverá também entrar em operação o novo navio de investigação oceânica, de acordo com Miguel Miranda, que explicou que o orçamento prevê “significativo investimento” em todas as áreas.
“Vamos fazer uma valorização muito significativa dos laboratórios que estão no polo de Algés essencialmente aqueles que precisam de passar por uma fase de acreditação e certificação, vamos manter a qualidade de todos os nossos centros deslocalizados, que continuam a ser importantes”, adiantou.
Miguel Miranda explicou que o Instituto “tem tido orçamentos razoavelmente estáveis nos últimos dois, três anos, em que o valor global anda perto dos 40 milhões de euros”.
“Este orçamento tem uma componente de dotações do Estado, uma componente de receitas próprias que é importante, em particular a que vem da aviação civil, e uma componente muito significativa que é de projetos de investigação”, explicou.
“O IPMA é uma instituição muito competitiva que tem participado em iniciativas europeias de grande volume e importância e tem também financiamento de programas operacionais. A nossa perspetiva é manter a linha de investimento e de esforço que tem sido feito até agora, sem grandes luxos”, disse.
O presidente do IPMA promete investimentos “em coisas fundamentais como redes de observação e em capacidade humana” e disse esperar que o Instituto “leve um grande salto com o programa de precários e com a contratação de investigadores”.
“Não esquecer que somos uma instituição nacional presente nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira e que somos uma instituição internacional. Portanto temos responsabilidades no mundo inteiro. O que significa que somos representantes de Portugal nas organizações globais que têm a ver com a meteorologia, com pesca, com clima”, explicou justificando os investimentos.
Do orçamento do IPMA, mais de metade é receita própria e da parte de dotação do Estado, parte é para o pagamento das contribuições internacionais, como por exemplo a participação de Portugal nos sistemas de satélites europeus ou na Organização Meteorológica Mundial.
O pagamento destas contribuições não está integralmente cumprido, mas as “contribuições serão seguramente pagas sem qualquer problema excecional”, adiantou.
Questionado sobre se o Orçamento prevê algum investimento especial para as questões do mar, Miguel Miranda disse que os microplásticos estão na ordem do dia e que “há várias iniciativas do ministério do Mar” em que o IPMA participa.
“Temos campanhas regulares no oceano, mais de 140 dias por ano de trabalhos de monitorização, já estamos a fazer trabalho de observação do lixo oceânico que é depois difundido para todas as organizações que trabalham neste domínio”, disse.
LUSA