Paulo Rebelo Gonçalves, da Porto Editora (PE), que promove esta iniciativa há dez anos, sublinhou “a grande afluência de votos” e advertiu que a organização “está atenta às tentativas de ataques piratas, que são identificados e repelidos”.
“A Palavra do Ano” de 2018 será conhecida no dia 5 de janeiro, pelas 17:00, numa cerimónia na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, aberta à população, e que contará “com a presença de várias personalidades de diferentes quadrantes da sociedade”.
“O uso e o manejo da palavra é algo que diz respeito a todos e vamos tornar esta 10.ª edição, uma festa da palavra e da Língua Portuguesa”, disse.
Até às 24:00 de dia 31, “A Palavra do Ano” pode ser escolhida em www.palavradoano.pt, a partir de uma lista de dez vocábulos constituída por “assédio”, “enfermeiro”, “especulação”, “extremismo”, “paiol”, “populismo”, “privacidade”, “professor”, “sexismo” e “toupeira”.
Se “professor”, “enfermeiro” e “toupeira” lideram, até à atualidade, as preferências dos cibernautas, entre as menos votadas estão “especulação” e “sexismo”, segundo a mesma fonte.
“Os professores continuam a lutar pela contabilização da totalidade do tempo de serviço prestado durante o congelamento de carreiras”, daí a candidatura à “Palavra do Ano” de “professor”, “enfermeiro” foi um termo escolhido pelos vários movimentos de protesto desta classe, ao longo deste ano; e a outra palavra candidata entre as mais votadas, é “toupeira”, que se relaciona diretamente com o mundo futebolístico. “A suspeita de que um clube de futebol nacional dispunha de uma rede de informadores no interior do sistema de justiça pôs em marcha a chamada ‘Operação e-toupeira’", afirma a editora, referindo-se às suspeitas que pairam sobre Sport Lisboa e Benfica.
Os vocábulos “lanterna-vermelha” desta votação são “especulação”, que se relaciona com “a especulação imobiliária, que atingiu níveis alarmantes nas grandes cidades e gerou um grande debate, nomeadamente sobre a polémica ‘taxa Robles’”, afirmou a mesma fonte, referindo a proposta do ex-vereador do Bloco de Esquerda em Lisboa, Ricardo Robles, que visava controlar a especulação imobiliária; e “sexismo”, segundo a PE, “esta forma de discriminação de pessoas ou grupos com base no seu sexo tem vindo a ser crescentemente denunciada, com vários casos mediáticos a alimentarem a discussão pública e a condenação social”.
Pelo meio da tabela estão os termos “assédio” justificado pelos “movimentos como ‘Me Too’, que colocaram o tema do assédio sexual na agenda”; “extremismo”, sendo “cada vez mais frequentes as manifestações de intolerância e radicalismo, nomeadamente no espaço europeu, o que justifica uma crescente preocupação” e “paiol”, uma escolha justificada pelo “caso do desaparecimento das armas do paiol de Tancos [no Ribatejo] que conheceu desenvolvimentos surpreendentes ao longo do ano, estando ainda por esclarecer completamente”.
Também a meio da tabela estão “populismo”, termo que faz parte das opções de escolha, pelo facto de “o discurso marcadamente populista ter tomado de assalto o debate público um pouco por todo o mundo, alimentando o surgimento de movimentos e líderes políticos que já conquistaram o poder em vários países”, e “privacidade”, termo que se tornou muito usado com a entrada em vigor, em maio passado, do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD).
O responsável garantiu “a fiabilidade de todo o processo à prova de quaisquer tentativas de ciberataques”.
LUSA