“Não são só as culturas queimadas que se perdem, parte dos campos (…) está minada”, disse o chefe da administração de ocupação russa, Vladimir Saldo, à agência oficial TASS.
Saldo disse que, por essas razões, “a região de Kherson não poderá colher 200.000 toneladas de cereais”.
A TASS divulgou estas declarações no dia em que peritos militares da Rússia, Ucrânia e Turquia, e representantes da ONU se reúnem na cidade turca de Istambul para tentar desbloquear a exportação cereais ucranianos retidos nos portos do Mar Negro.
Mais de 20 milhões de toneladas de grãos e sementes de girassol estão bloqueados nos portos ucranianos do Mar Negro, na sequência da guerra iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro.
Kherson é uma importante região agrícola na Ucrânia e tem estado sob ocupação russa desde os primeiros dias da invasão.
Nas últimas semanas, as forças ucranianas reconquistaram terreno na região, segundo a agência francesa AFP.
As autoridades ucranianas acusam a Rússia de incendiar as colheitas do país, roubar colheitas das áreas ocupadas e bloquear as exportações marítimas de cereais ucranianos.
A Rússia rejeita estas acusações.
A guerra na Ucrânia fez recear uma situação de escassez alimentar a nível global, dado que o conflito opõe dois importantes produtores agrícolas mundiais.
Em conjunto, segundo a revista britânica The Economist, a Ucrânia e a Rússia fornecem 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol.
A escassez global destes produtos é agravada pela falta de fertilizantes, que a Rússia deixou de exportar desde o início da guerra.
O maior obstáculo para se chegar a um acordo tem sido o controlo dos navios que cheguem à Ucrânia, uma vez que Moscovo quer registá-los para garantir que não transportam armas, uma exigência que Kiev rejeita.
O lado ucraniano pede garantias de segurança contra ataques russos se concordar em remover as minas marítimas que colocou para proteger os seus portos.
A guerra na Ucrânia entrou hoje no 140.º dia, mas desconhece-se o número de baixas civis e militares.
A ONU confirmou a morte de mais 5.000 civis desde a invasão russa, mas tem alertado que o número será consideravelmente superior.
Os aliados ocidentais têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia e fornecido armas à Ucrânia para ajudar a combater as forças de Moscovo.
Lusa