O chefe de Estado turco afirmou aos jornalistas, durante o seu voo de regresso depois de comparecer, na quinta-feira, na cimeira da NATO, em Bruxelas, que pretende alertar Putin para a necessidade de ser, “agora, o artesão da paz”.
É preciso “fazer uma saída honrosa” da situação criada com a invasão russa da Ucrânia, acrescentou.
Erdogan assegurou que a Rússia e a Ucrânia concordaram em quatro dos seis pontos da negociação, incluindo a renúncia de Kiev à NATO, a remoção de obstáculos ao uso da língua russa na Ucrânia, o desarmamento e as garantias de segurança.
“Mas a Ucrânia é, naturalmente, um Estado. Está fora de causa [para Kiev] aceitar um desarmamento completo, mas o lado ucraniano está pronto para fazer concessões”, assegurou o Presidente turco, que especificou que as negociações são mais difíceis no que se refere ao estatuto da região separatista de Donbass e da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
O Presidente turco deverá reunir-se hoje com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, segundo a imprensa turca.
Aliada de Kiev e membro da NATO, a Turquia tem tentando, desde o início do conflito na Ucrânia, facilitar a mediação entre Moscovo e Kiev, mas recusou-se a e alinhar com as sanções ocidentais contra a Rússia.
Os líderes da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, também conhecida como Aliança Atlântica) aprovaram, na quinta-feira, a criação de novos grupos de combate na Roménia, Hungria, Bulgária e Eslováquia, bem como o reforço dos quatro já constituídos na Polónia e nos três países bálticos.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, também prometeu “uma resposta” caso a Rússia – como temem ucranianos e ocidentais – use armas químicas.
Recep Tayyip Erdogan também elogiou os esforços feitos pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, com quem tem tido grande tensão nos últimos anos, afirmando que é, neste momento, “um dos líderes que desempenha o papel mais ativo na NATO”.
No fim de semana, Erdogan irá falar com Putin, no âmbito dos seus esforços de mediação para uma solução negociada da guerra, com quem mantém boas relações, tendo a Turquia sido anfitriã do único encontro cara a cara dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países em conflito.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, mais de 1.000 mortos, incluindo 90 crianças, e mais de 1.500 feridos, dos quais 118 são menores.
O conflito também provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,7 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa