“Um Portugal que asfixia a sua classe média com impostos, que paga salários insuficientes à maioria dos seus trabalhadores, que só tem para oferecer aos seus jovens trabalho precário, que atribui pensões muito baixas aos seus mais velhos, é um país que precisa de repensar o seu modelo de desenvolvimento”, disse.
José Manuel Rodrigues falava na sessão comemorativa dos 48 anos do 25 de Abril, na Assembleia Legislativa, à qual assistiu uma representação da comunidade ucraniana residente na Madeira, a convite da instituição.
“Creiam que é um orgulho recebê-los no parlamento da Madeira, casa da autonomia e sede da democracia, onde reside a soberana vontade popular”, declarou, reforçando: “Meus caros ucranianos, residentes ou refugiados na Madeira, a vossa resistência, moral e física é um exemplo para todos e merece a nossa profunda admiração e o nosso maior respeito.”
A intervenção do presidente do parlamento madeirense foi aplaudida de pé pelo grupo de ucranianos, por todos os deputados dos cinco partidos representados no hemiciclo – PSD, PS, CDS-PP, JPP e PCP – e pelos elementos do Governo Regional que assistiram à sessão.
José Manuel Rodrigues centrou uma parte considerável do discurso no impacto das crises geradas pela pandemia de covid-19 e sobretudo pela guerra na Ucrânia, sublinhando que o “mundo não voltará a ser o mesmo” do ponto de vista geopolítico e geoeconómico, alertando também para o “retrocesso da democracia” e o “avanço das ditaduras”.
“Hoje, temos de seguir o exemplo dos ucranianos que combatem pela sua nação, pela democracia e pelas liberdades”, disse o centrista, que ocupa o cargo de presidente da Assembleia Legislativa na sequência do acordo de coligação governamental entre o PSD e o CDS-PP.
Depois, focou-se na situação do país, considerando que continua por cumprir um dos três grandes objetivos do 25 de Abril – desenvolver –, já que descolonizar e democratizar foram concretizados, bem como a conquista da autonomia da Madeira.
“É certo que, nestes 50 anos, demos passos gigantescos nos domínios da Saúde, da Educação e da satisfação das condições básicas de vida da população, mas subsistem graves assimetrias de desenvolvimento e enormes desigualdades sociais, que precisam de ser esbatidas e corrigidas”, disse.
José Manuel Rodrigues alertou para a “carga fiscal pesadíssima” e para o “sistema de subsídios sociais injusto e distorcido”, bem como para as administrações públicas “burocratizadas e desconfiantes” do investimento e da criação de riqueza.
“Só com mudanças nestas áreas e maior crescimento económico será possível termos grupos económicos com dimensão para concorrer num mercado global, altamente competitivo, abrir novas oportunidades de emprego qualificado e estável para os jovens, pagar melhores salários, ter famílias com melhores rendimentos, promover a mobilidade social e combater a pobreza estrutural e permanente, que afeta uma boa parte dos portugueses”, declarou.
Lusa