Flávio Martins, presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas no Brasil (CP-CCP), afirmou ontem, em entrevista à agência Lusa, que os portugueses a viver no país deveriam ter uma maior intervenção na política brasileira.
"A comunidade (portuguesa) deveria se articular mais, isto é, apresentar as suas necessidades e propostas aos candidatos, principalmente aos do executivo (…) porque são esses cargos que ficam com a caneta e chaves do cofre na mão", afirmou Flávio Martins.
Com o Brasil a atravessar um período eleitoral, o conselheiro defende ainda que os brasileiros deveriam eleger um Presidente que saiba dar a "devida importância" às relações entre Portugal e Brasil.
"O Brasil, até pelas questões do Mercosul, e Portugal, por conta da União Europeia, deveriam dialogar mais. Isso seria benéfico, não apenas para a questão económica mas também pela questão social, até porque muitos brasileiros estão a mudar-se para Portugal", acrescentou.
A viver no Rio de Janeiro, Flávio Martins acrescentou que já têm sido eleitos políticos com raízes portuguesas nas grandes cidades como São Paulo e o próprio Rio de Janeiro.
Acerca da atual conjuntura política que o Brasil atravessa, o conselheiro comentou a apresentação da candidatura de Lula da Silva às presidenciais, referindo que o sistema jurídico brasileiro está a ser abalado com toda esta questão.
No entanto, acredita que a candidatura do ex-Presidente brasileiro não será aceite pelo Tribunal Superior.
Quanto às intenções de voto da comunidade portuguesa, Flávio tem a convicção de que os elementos mais tradicionais e conservadores da comunidade não têm a intenção de votar nas políticas defendidas por Lula da Silva.
"Essas pessoas que estão aqui há mais tempo, que vieram do interior de Portugal, que vieram trabalhar no comércio fugindo das condições económicas e que nunca votaram em Portugal por causa do Salazarismo, não estão de acordo com o campo político de Lula", explicou o presidente do CP-CCP.
O Conselho das Comunidades Portuguesas é composto por 12 conselheiros das comunidades, e é liderado, pelo terceiro ano consecutivo, por Flávio Martins (Brasil), como presidente; Nelson Ponta Garça (Estados Unidos da América), na vice-presidência, e Manuel Coelho (Namíbia), como secretário.
O CCP é o órgão consultivo do Governo para as políticas relativas às comunidades portuguesas no estrangeiro. Compete-lhe, em geral, emitir pareceres, produzir informações e formular propostas e recomendações sobre as matérias que respeitem aos portugueses residentes no estrangeiro e ao desenvolvimento da presença portuguesa no mundo.
LUSA