“Temos um número não confirmado de 18 estabelecimentos saqueados em Guasipati. De El Callao, informaram-nos de uma situação irregular e contam-nos que houve saques”, explicou o vice-presidente do Conselho Nacional de Comércio (Consecomércio) aos jornalistas.
Por outro lado, explicou que os motoristas – que, na Venezuela, são proprietários dos autocarros e cobram eles mesmos as viagens – deixaram de aceitar as notas de 50.000 e a população foi surpreendida quando os comerciantes as recusaram.
A maior parte dos estabelecimentos comerciais afetados estão situados nas proximidades do mercado municipal de Roscio, em Guasipati.
Segundo o jornal Correo del Caroní, a população abriu buracos nas paredes para entrar em vários estabelecimentos, depois de não terem conseguido passar pelas portas metálicas e grades de segurança.
“Quase 10 mercearias propriedade de [comerciantes] asiáticos foram saqueadas em Guasipati”, apontou o jornal.
Entretanto, em Cidade Guayana, a população local teve na segunda-feira problemas com os autocarros de passageiros, devido a dificuldades com o abastecimento de gasóleo.
Alguns motoristas explicaram aos jornalistas que mais de 100 autocarros ficaram paralisados por falta de combustível e que a população, quando paga com notas de alto valor, não aceita receber o troco em notas de 50.000 bolívares.
Segundo o vice-presidente do Conselho Nacional de Comércio, parte da situação deve-se às minas no sul do estado de Bolívar (sudeste do país), já que os mineiros decidem que notas vão ser usadas nessas zonas e no comércio local.
Recentemente, o Governo venezuelano colocou em circulação notas de 200.000, 500.000 e 1.000.000 de BsS (0,053, 0,134 e 0,269 euros, respetivamente), que são procuradas pelos mineiros para comercializar o ouro que extraem das minas artesanais, evitando transportar grandes quantidades de notas de 50.000 BsS (0,013 euros).
Em dezembro de 2016, pelo menos 600 estabelecimentos comerciais foram saqueados em vários municípios do estado venezuelano de Bolívar, quando o Governo do Presidente Nicolás Maduro decidiu retirar de circulação a nota de 100 bolívares (cerca de 0,14 euros), na altura a de maior valor.