"Morreram praticamente na costa. Foi uma situação dramática", relatou o autarca de Boa Vista, Cláudio Mendonça, indicando que a embarcação terá partido da Gâmbia em 24 de dezembro, com destino a Espanha.
"Perderam-se entre Marrocos e a Mauritânia, ficaram sem combustível e acabaram por vir dar à costa da Boa Vista", explicou ainda.
O grupo de 92 migrantes, essencialmente senegaleses, conta ainda com nacionais da Gâmbia, Serra Leoa, Guiné-Conacri e Guiné-Bissau. Têm uma média etária de 25 anos, o mais novo com apenas 14.
A piroga foi avistada pelo faroleiro de serviço no Farol do Morro Negro, norte da ilha, a mais de 30 quilómetros da capital, Sal Rei, no sul, cerca das 16:00 locais (17:00 em Lisboa) de sábado.
Contudo, só mais tarde é que foi confirmado tratar-se de uma embarcação com migrantes africanos, tendo o faroleiro percorrido alguns quilómetros para pedir apoio na aldeia mais próxima, descreveu o autarca, que tem acompanhado e coordenado no terreno as operações.
Segundo Cláudio Mendonça, os dois migrantes que morreram à chegada à Boa Vista foram sepultados hoje, seis estão a receber assistência no hospital e 84 foram colocados provisoriamente no pavilhão municipal Seixal.
"Tem sido uma logística muito difícil, estamos a trabalhar todos em conjunto, serviços da proteção civil, polícia, população e até hotéis, que nos estão a ajudar", descreveu.
"É algo crítico, porque há menos de três meses tivemos a mesma situação. Em mais de três meses são mais de uma centena de migrantes a darem à costa da Boa Vista. É preciso olhar para isto", apelou o autarca.