A queda do voo de ligação Rio de Janeiro/Paris em junho desse ano levou à morte de 228 pessoas.
“O SPAF lamenta a absolvição penal, que constitui um impedimento ao luto das famílias das vítimas, incluindo as dos passageiros e também as dos nossos colegas”, afirmou a organização sindical em comunicado.
Embora a sentença tenha reconhecido a responsabilidade civil, que será apurada a partir de setembro, a justiça francesa não encontrou um “nexo de causalidade entre a imprudência/negligência e o acidente”.
“Este tipo de catástrofe pode repetir-se se não forem assumidas todas as responsabilidades”, disse o sindicato, enfatizando que “os interesses económicos do Estado e do setor da aviação não podem prevalecer sobre a segurança dos passageiros e tripulantes”.
O SPAF reconheceu, no entanto, como “uma imensa vitória após 14 anos de luta judicial” que o tribunal tenha constatado “várias falhas civis”, como informação insuficiente por parte da Airbus e procedimentos desatualizados.
O avião A330-200 desapareceu do radar numa tempestade sobre o Oceano Atlântico a 1 de junho de 2009, com 216 passageiros e 12 membros da tripulação a bordo.
Para encontrar o avião foram necessários dois anos, o que permitiu recuperar as gravações contidas nas caixas negras, que se encontravam no fundo do oceano, a mais de 4.000 metros de profundidade.
Os primeiros destroços foram encontrados nos dias que se seguiram ao acidente, mas o grosso do aparelho só viria a ser localizado dois anos mais tarde, após uma longa busca.
As caixas negras confirmaram o ponto de partida do acidente: o gelo nos sensores de velocidade enquanto o avião voava a grande altitude numa difícil zona de turbulência perto do equador.
Um dos copilotos, perturbado pelas consequências desta falha, fez o avião subir e, num estado de incompreensão, os três pilotos não conseguiram recuperar o controlo do avião, que estagnou no ar e se despenhou no oceano 4h23 minutos mais tarde.