"A percentagem estimada em 70% [para atingir a imunidade de grupo] tem por base a transmissão do vírus e extrapolações com base no conhecimento de outras infeções virais e de outras estratégias de vacinação", afirmou Luis Graça, sublinhando que tal cálculo "depende de vários parâmetros".
"As vacinas são mais eficazes em evitar a doença grave do que a infeção. Contudo, conseguem impedir a infeção e, por isso, conseguem alcançar a imunidade", afirmou o médico imunologista e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que falava durante a audição da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19 na Comissão Parlamentar de Saúde, que decorreu hoje de manhã.
Luís Graça disse também que há estudos ainda em curso sobre a percentagem de imunidade necessária e sobre o impacto das vacinas na transmissão global da infeção.
"Setenta por cento é uma boa estimativa, com base nos dados conhecidos até à data, mas pode ser revista, de acordo com as incertezas", acrescentou.
Sobre as diversas variantes do vírus, diz que é algo que a comissão técnica "tem acompanhado com atenção", acrescentando que têm sido feitos estudos, nomeadamente estudos ‘in vitro’, para demonstrar a eficácia das vacinas nas variantes identificadas até agora.
"Todas [as vacinas] conseguem conferir alguma proteção contra as variantes identificadas até agora, mas é uma questão que tem de ser acompanhada ao longo do tempo. Não há uma resposta final", afirmou.
Sobre o esquema vacinal a adotar no futuro, sobretudo em alguns grupos populacionais de maior risco, o médico pediatra José Gonçalo Marques, coordenador-adjunto da comissão técnica, disse que "ainda não está definido se vão ser precisas mais doses", admitindo que em algumas imunodeficiências a resposta do organismo pode precisar de uma terceira dose.
C/Lusa