Segundo Vitali Klitschko, estão a ser travados combates na zona de Liutij, uma aldeia 30 quilómetros a norte de Kiev, e a capital continua a ser um objetivo do exército russo, mas este tem estado nas últimas semanas bloqueado a noroeste e a leste da cidade, e teve de recuar nos últimos dias em várias dessas frentes.
O autarca indicou que, por exemplo, as forças ucranianas recuperaram o controlo de zonas a noroeste e a nordeste da cidade, incluindo a maior parte de Irpin, e que a cidade ocidental de Makariv também foi recuperada.
Klitschko, antigo campeão do mundo de boxe, fez estas declarações à imprensa em Kiev, num parque central com vista sobre a cidade. Explosões e disparos de armas de fogo eram audíveis em fundo, enquanto falava.
Questionado sobre uma contraofensiva ucraniana em curso, o responsável disse não ter qualquer informação precisa sobre esse assunto, ao passo que uma agência noticiosa ucraniana referiu um possível cerco das forças russas a Irpin, Busha e Gostomel, localidades a noroeste de Kiev.
As zonas de Irpin e de Liutij foram hoje palco de intensos combates de artilharia, com forte atividade na frente junto a Irpin, onde continua interdito acesso da imprensa, após a morte de vários jornalistas na área.
“A nossa mensagem aos russos: abandonem o nosso país, regressem a casa. Não sabemos quanto tempo levará (…), pode demorar bastante”, advertiu o autarca de Kiev.
“Antes morrer do que pôr-me de joelhos perante as forças russas. Estamos prontos para defender cada prédio, cada rua, cada canto da nossa cidade. Toda a cidade tem agora postos de combate”, disse Klitschko.
“Por todo o país, o exército russo está a destruir todas as infraestruturas civis, a matar os civis (…). Pensamos que isso também pode acontecer na nossa cidade, que os russos podem lançar ataques aos civis e destruir todas as infraestruturas da capital da Ucrânia”, observou.
Um bairro residencial do noroeste de Kiev foi hoje de manhã bombardeado, danificando várias habitações e fazendo quatro feridos.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de março pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de dez milhões de pessoas, mais de 3,6 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a maior e mais rápida crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 28.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que “os números reais são consideravelmente mais elevados”, a organização confirmou hoje pelo menos 977 mortos e 1.594 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças.
Lusa