Os residentes da região da Grand-Sable viram os corpos de seis golfinhos logo de manhã na praia, mas viram mais corpos a flutuar no mar. Ao meio-dia, as autoridades disseram que havia 13 mamíferos marinhos mortos.
“Isto deve-se, sem dúvida, à toxicidade da água”, afirmou o oceanógrafo Vassen Kauppaymuthoo, em declarações ao jornal local, Le Mauricien, citadas pela agência Efe.
Kauppaymuthoo considerou que estas descobertas são “apenas o início” das consequências do derrame de petróleo do navio graneleiro japonês “MV Wakashio”, de pavilhão panamiano, que encalhou em 25 de julho nos recifes de Pointe-d’Esny, no sudeste da ilha.
“Os produtos tóxicos que contaminaram o mar são um veneno muito poderoso. É provável que haja vários efeitos a longo prazo em toda a biodiversidade marinha”, acrescentou o perito marinho.
As carcaças dos cetáceos foram levadas pelas autoridades locais para determinar a causa de morte, mas a maioria dos ambientalistas e ativistas não têm dúvidas de que se devem ao derrame.
Ainda não se sabe se o acidente, o pior desastre ecológico da história das ilhas Maurícias, se deveu a falha mecânica ou a erro humano, dada a proximidade do navio de 300 metros de comprimento da costa.
Na altura do acidente, o “MV Wakashio”, que viajava da China para o Brasil, não transportava qualquer carga, mas estima-se que transportava mais de 200 toneladas de gasóleo e 3.800 toneladas de combustível para consumo próprio.
O navio partiu-se em dois. Numa operação que começou no passado dia 19, dois navios arrastaram a proa do graneleiro cerca de 15 quilómetros, para serem completamente afundados a uma profundidade de cerca de 3.180 metros no Oceano Índico.
A popa do “MV Wakashio” continua encalhada nos recifes de Pointe-d’Esny.
Na semana passada, a polícia das Maurícias deteve o capitão do barco, o indiano Sunil Kumar Nandeshwar, e o seu adjunto, Tilakara Ratna Suboda, natural do Sri Lanka, acusando-os de colocarem “em perigo uma navegação segura”.
Os dois chefes da tribulação do “MV Wakashio” compareceram na terça-feira perante o tribunal em Port-Louis, a capital mauriciana, que os manteve sob custódia até 01 de setembro, altura em que regressarão ao tribunal.
A área em que ocorreu o derrame é uma região de recifes de coral – que foram reabilitados durante cerca de 15 anos – bem como rica em diversidade marinha e terrestre, com importantes reservas naturais a apenas alguns quilómetros de distância.
Esta catástrofe ambiental é um rude golpe para a economia das ilhas Maurícias, com pouco mais de um milhão de habitantes, situada no Oceano Índico, a leste de Madagáscar, fortemente dependente do turismo.
C/Lusa