"Os números dão um recorde de inscritos no programa [ÁRVoRE, de apoio ao retorno voluntário e reintegração de imigrantes no país de origem]. Tivemos 1.051 inscritos em 2022, e do total de retornados falamos de 394 pessoas", afirmou Vasco Malta, em declarações à Lusa.
"Para o Brasil, mais especificamente, houve 913 inscrições, que também é um recorde bastante significativo, e retornaram para o Brasil 350", naquele mesmo ano, adiantou o mesmo responsável.
Para Vasco Malta, isto pode significar que os brasileiros, que são a maior comunidade imigrante em Portugal, conhecem melhor o programa e recorrerem mais a ele, mas também pode significar, de acordo com o que a OIM tem vindo a saber e as informações que recolheu, que "há de facto um conjunto de fatores", designadamente desemprego, dificuldades de acesso ao mercado de trabalho e à habitação e de regularização do cartão de residência, que terão contribuído para este aumento do número de pedidos.
De acordo com o responsável, não foi só o número de pedidos que aumentou, também cresceram "de forma surpreendente" os casos de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, a viverem na rua ou vítimas de violência doméstica.
"Aquilo que eu destacaria também em 2022 (…) é o número de casos vulneráveis, isto é, estamos a falar de um número muito significativo de pessoas que nos chegaram em 2022, na última linha, situações de sem abrigo, de violência doméstica, de tráfico de seres humanos", disse.
Segundo o responsável, há em 2022 “um número anormal de situações de vulnerabilidade extrema, que sempre aconteceram ao longo dos anos, mas nunca nestes registo tão elevados".
O programa Árvore (Apoio ao retorno e reintegração de imigrantes) da OIM é cofinanciado pelo Governo português, através do Serviço de Estrangeiros Fronteiras e pelo Fundo de Asilo, Migração e Integração da União Europeia.
Em 2021, o programa registou 288 inscritos, dos quais 219 eram imigrantes brasileiros, e no total regressaram ao país de origem 113 pessoas, dos quais 93 brasileiros.
Lusa