"Não creio que seja provável que a Ucrânia insista muito na questão da adesão à UE. Os países membros, com algumas exceções, também não o levaram muito a sério. Apesar de tudo, pelo que sei, Putin vê favoravelmente uma adesão da Ucrânia à UE", afirmou Erdogan em declarações aos jornalistas, quando regressava de uma visita ao Uzbequistão.
Após as negociações com a Rússia, na passada terça-feira, em Istambul, a delegação ucraniana tinha sublinhado que a sua proposta de permanecer fora da NATO não significará, de forma alguma, renunciar à adesão à UE e pediu um apoio ativo a este respeito.
O Presidente turco falou também desse encontro, reiterando a sua intenção de falar com Putin e com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para insistir que se reúnem o mais rapidamente possível.
Além disso, a Turquia "em princípio" aceitaria ser um dos países garantes para a segurança da Ucrânia, tal como proposto por Kiev, embora os detalhes ainda devam ser esclarecidos, concluiu Erdogan.
Ancara nunca reconheceu a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia em 2014, insiste que a integridade territorial da Ucrânia deve ser respeitada e vende armamento a Kiev, mas, ao mesmo tempo, Erdogan mantém boas relações com Putin e comprou um sistema de defesa antimísseis a Moscovo.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de quatro milhões para países vizinhos, e a ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa