“É muito importante que se saia à rua para dizer o óbvio: os salários e as pensões têm de aumentar”, disse a coordenadora do BE, Catarina Martins, ainda no início da longa marcha entre o Marquês de Pombal e a Rua de São Bento.
Entre o som de buzinas e os gritos de ordem ininterruptos, a dirigente bloquista comentou que a greve de hoje e a manifestação na capital não dizem apenas respeito aos trabalhadores da administração pública, defendendo que o aumento dos salários no público é um indicador positivo para o privado.
Catarina Martins disse que há um contraste entre o crescimento que o país está a registar e o que acaba nos bolsos dos portugueses no final de cada mês: “Só os salários estão mais curtos (…). A economia está a crescer, a produtividade está a crescer. O aumento dos salários e das pensões é um passo básico para a saúde da economia”.
Já na Rua de São Bento, junto à escadaria da Assembleia da República, e enquanto os manifestantes ocupavam o pouco espaço que ainda havia em frente ao parlamento, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reivindicou melhores salários para os “trabalhadores que há uma década não vêm qualquer aumento significativo”.
Os mesmos salários durante um período em que aumentaram os preços dos combustíveis e também de bens essenciais é, na opinião de Jerónimo de Sousa, uma “contradição insanada”.
O dirigente comunista considerou que os portugueses já perceberam que “tudo aumenta” de um dia para o outro, mas o dinheiro começa a ser cada vez menos, situação que exigia da parte do Governo uma resposta.
“E a resposta é esta? A resposta é não haver qualquer aumento salarial?”, questionou, reconhecendo, no entanto, que os milhares de trabalhadores que saíram à rua são “vozes que não vão ser ouvidas”.
A culpa foi apontada à maioria absoluta do PS. Jerónimo de Sousa considerou que mais cedo ou mais tarde o executivo de António Costa vai “confrontar-se com a realidade”.
“O Governo deveria olhar para aqui e sentir que o seu confronto não vai ser com os partidos que estão aqui representados na Assembleia. O grande confronto vai ser com a realidade, com aquelas pessoas a quem já falta salário ao final do mês e que o aumento extraordinário das reformas já não compensa coisa nenhuma”, concluiu.