O pontífice, que iniciou hoje uma visita de três dias ao Cazaquistão para participar no sétimo Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais, apelou à paz e sublinhou, no seu primeiro discurso perante as autoridades do país, que esta viagem acontece numa altura em que “decorre uma guerra sem sentido e trágica causada pela invasão da Ucrânia”.
O Cazaquistão está separado com a vizinha Rússia por uma fronteira de sete mil quilómetros.
Em Nursultan, capital desta ex-república soviética onde vivem milhares de russos e de ucranianos, o Papa lembrou que há “vários confrontos e ameaças de conflito que estão a pôr em perigo o tempo atual”.
No seu primeiro ato público após o encontro com o Presidente, Kasim-Yomart Tokáyev, Francisco apresentou-se às autoridades e ao corpo diplomático reunidos na Sala de Concertos Qazaq “como um peregrino da paz, em busca do diálogo e da unidade”.
“O nosso mundo precisa urgentemente disso, precisa encontrar de novo a harmonia”, defendeu.
O Papa lembrou que o Cazaquistão, que também faz fronteira com a China, “constitui uma encruzilhada de importantes intersecções geopolíticas, o que lhe confere, um papel fundamental na mitigação de conflitos”.
O Cazaquistão tem-se mantido neutro relativamente ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, iniciado em 24 de fevereiro, tendo-se oferecido como mediador no início da guerra.
O Papa “João Paulo II veio aqui para semear a esperança, logo após os trágicos atentados de 2001”, lembrou Francisco, numa referência aos ataques do 11 de setembro, nos Estados Unidos.
“Agora, venho a este país quando decorre uma insensata e trágica guerra originada pela invasão da Ucrânia e enquanto outros confrontos e ameaças de conflitos põem em risco o nosso tempo”, acrescentou.
“Venho para amplificar o grito de tantos que imploram pela paz, caminho de desenvolvimento essencial para o nosso mundo globalizado”, adiantou ainda, sublinhando que “a necessidade de alargar o compromisso diplomático em prol do diálogo é cada vez mais urgente” já que “o problema de alguns é hoje o problema de todos”.
Segundo afirmou o líder da Santa Sé, “quem detém mais poder no mundo tem mais responsabilidade, especialmente perante os países mais expostos às crises provocadas pela lógica do conflito”.
Para o Papa Francisco chegou o momento de “evitar a intensificação das rivalidades e o fortalecimento de blocos opostos”, pelo que são necessários, frisou o pontífice, líderes capazes de compreender e de dialogar e com vontade de reforçar o multilateralismo.
“Para isso é preciso compreensão, paciência e diálogo com todos. Repito, com todos”, concluiu.