A cidade transmontana acolhe hoje e sexta-feira o oitavo Encontro Intermunicipal de Voluntariado, organizado pela Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV), com o apoio dos municípios de Lisboa, Cascais, Torres Vedras e Almada.
O encontro anual serve para refletir sobre o papel dos Bancos Locais de Voluntariado, troca de experiências e boas práticas, e a partilha de constrangimentos e dificuldades que enfrentam estas estruturas, e identificar possíveis soluções para obstáculos comuns.
“Mobilizar” é a palavra de ordem deste encontro, num momento de desafios sociais devido à crise provocada pela guerra na Ucrânia e às repercussões da pandemia covid-19 na falta de voluntários, como indicou à Lusa o presidente da confederação, Eugénio Fonseca.
“Sobretudo, a parte dos voluntários que tiveram que forçosamente que ficar em confinamento devido à idade, por estarem mais expostos ao risco de contaminação, ficaram com maiores receios, apesar de terem passado os tempos de maior perigo”, apontou.
O presidente concretizou que este afastamento faz-se sentir “em vários setores”, com “coletividades que têm tido muita dificuldade em reabrir, sobretudo, algumas atividades culturais como ranchos folclóricos, etc, que eram sobretudo pessoas com alguma idade que os dinamizavam”, assim como “naquele voluntariado de maior proximidade, junto das pessoas economicamente mais vulneráveis”.
“Está a ser difícil”, vincou, explicando que, apesar da pandemia ter trazido “a possibilidade de estarmos mais facilmente em contacto, através das tecnologias, isso também fez com que algumas pessoas se afastassem porque não têm esses meios para comunicar”.
“Nós não podemos perder essas pessoas, porque durante muitos anos souberam conciliar a sua vida profissional com a dádiva aos outros, agora é preciso ir ao encontro delas, entusiasmá-las para que elas regressem”, afirmou.
A confederação está também apostada em chamar os mais novos e, como disse o presidente, está a concluir “a análise de um estudo, que recolheu mais de três mil respostas, junto dos jovens do ensino secundário e universitário para saber o que é que eles pensam do voluntariado”
“E se o voluntariado acabasse amanhã?” é a pergunta feita neste estudo e para a qual a resposta de Eugénio Fonseca é: “a sociedade ficava mais desumana.
O presidente da confederação rejeita a ideia de que “o voluntariado é uma camuflagem de trabalho não remunerado”, sublinhando que “a função do voluntariado é complementar, não faz o que compete ao trabalhador remunerado”.
Para Eugénio Fonseca, “o voluntariado deve começar desde pequeno” e, por isso a confederação reclama uma revisão da atual legislação, que apenas permite que o estatuto de voluntário só seja concedido aos 18 anos, para mais cedo, pelo menos a partir dos 16 anos.
Quem quiser ser voluntário pode procurar os bancos de voluntariado, câmaras municipais, instituições e a própria confederação, que está a pensar criar uma plataforma onde as pessoas podem oferecer os seus serviços e serão encaminhadas para as procuras que houver, se durante a atual crise se justificar.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) estima que existem em Portugal mais de 600 mil voluntários, mas o presidente da confederação acredita que ultrapassam um milhão, “porque só as 41 associadas aproximam-se dos 600 mil”.
São os voluntários formais, com o estatuto, mas existem também os informais, que participam em ações voluntariadas, como um fim de semana para a recolha de bens, enquanto o voluntariado compromete-se a dar horas do seu tempo por semana, como explicou.
No encontro de Bragança será também anunciada a criação da Capital Portuguesa do Voluntariado, como já há a Capital Europeia do Voluntariado, à qual as cidades portuguesas deverão poder começar a candidatar-se em 2023 e a vencedora concentrará, durante o ano de 2024, as ações de voluntariado ao nível do país.