“Há denúncias que indicam que há hospitais de Caracas onde vendem as vacinas entre 300 e 600 dólares (entre 246 e 492 euros) cada uma, num país onde o salário mínimo não chega aos 3 dólares (2,46 euros) mensais”, denunciou a ex-deputada opositora Desireé Barboza.
A denúncia teve lugar durante uma reunião de trabalho de uma “comissão delegada” do parlamento eleito em 2015, que continua a funcionar, apesar de em dezembro de 2020, ter havido eleições parlamentares em que a oposição aliada do autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, não participou.
“Este mercado negro é impulsionado pela ditadura que se recusa a desenhar um plano de vacinação para todos os cidadãos”, disse, precisando que “os casos de pessoas com a covid-19 e a quantidade de mortos pela pandemia aumentam todos os dias, enquanto cresce o mercado negro de vacinas”.
A ex-deputada explicou que a Venezuela recebeu vacinas contra a covid-19, mas não há informação precisa sobre a quantidade de pessoas vacinadas e “os dados que o regime divulga são contraditórios”, acusou.
“Há venezuelanos que se viram obrigados a ir a outros países para vacinar-se, mas a maioria da população espera que cheguem as vacinas”, frisou.
Desireé Barboza diz que é preciso um “plano de vacinação urgente” que dê prioridade aos profissionais da saúde e que “há que deter as mortes de médicos, enfermeiras e do pessoal que trabalha na linha da frente”.
A ex-deputada Maria Teresa Pérez, insistiu que a vida dos venezuelanos “é um direito humano que continua a ser violado dia a dia” e pediu à população para que denuncie a venda de vacinas, para que a denúncia chegue às instâncias internacionais.
Segundo o ex-deputado Richard Blanco, a situação da covid-19 na Venezuela “é mais crítica por ter uma economia e um sistema de saúde em ruínas.
Dinhorah Figuera explicou que o parlamento opositor investiga a existência de um mercado negro de compra de locais expressos (rápidos) para vacinas covid-19 no Hospital Militar Universitário sobre o qual “o regime não diz nada”.
“Existe um mercado de compra de lugares que é feito à vista dos militares que sabem que pagaram por elas (vacinas). Isso é produto da ausência de um plano oportuno de vacinação de parte do regime”, disse.
A oposição questiona ainda a “oferta enganosa” da chegada de produtos experimentais cubanos, como a Soberana-02 e Abdala que estão em ensaios clínicos em Cuba, e o Avifavir, na Rússia.
O ex-deputado William Barrientos, denunciou que o regime bloqueou a entrada de vacinas promovidas pela oposição, para vacinar em massa a população.
“Eles recusaram a entrada das vacinas e também não trazem, e as que vieram foram aplicadas aos seus militantes (simpatizantes), como método ideológico, e outras são vendidas no mercado negro”, disse.
A imprensa local a Venezuela dá conta da chegada, até agora, de 1,4 milhões de vacinas da chinesa Sinopharm e da russa Sputnik V.
Segundo a Federação Médica Venezuelana são necessárias 40 milhões de doses de vacinas.
Entretanto, Caracas anunciou ter adquirido mais de 11 milhões de vacinas contra a covid-19, através do sistema Covax.
De acordo com os dados oficiais, o país contabilizou 2.544 mortes associadas ao novo coronavírus SARS-CoV-2 e 226.136 casos da doença, desde o início da pandemia.
Segundo a organização não-governamental Médicos Unidos da Venezuela desde o começo da pandemia morreram 582 profissionais da saúde no país.
C/Lusa