A eliminação da sobrepesca implica a existência de “lugares onde não seja possível desembarcar capturas ilegais” e de parcerias com “organizações comuns de mercado”, bem como a “aprovação de vários acordos”, como os da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), apontou Peter Thomson, na conferência “A Blue Agenda in The Green Deal”, organizada no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE).
O responsável sublinhou a necessidade de “pôr fim” aos subsídios “prejudiciais” que contribuem para a sobrepesca, um tema que estará em discussão na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) do próximo mês, em Genebra (Suíça).
“Isso dará aos ecossistemas e à pesca artesanal a ajuda que precisam para beneficiarem de apoio suficiente”, sustentou.
Salientando o problema da poluição marinha provocada pelos plásticos, ao qual exorta a “fazer face”, Peter Thomson defendeu a necessidade de “um tratado contra a poluição pelo plástico”.
“Temos de ter um acordo muito sólido que vá às causas, às raízes desta poluição do plástico e que nos permita ter uma economia com base no plástico reciclável e passar para um regime de reciclagem e de reutilização”, considerou.
O enviado especial do secretário-geral da ONU para o Oceano alertou, no entanto, que não há “milagres”, apelando à construção de “infraestruturas de eliminação de resíduos”, “sistemas de redução e de reciclagem do plástico” e “sistemas de substituição do plástico”.
Peter Thomson chamou também a atenção para a acidificação do oceano, que está a acontecer a “um ritmo muito maior do que alguma vez visto”.
“Será muito difícil, se não mesmo impossível, para muitos ecossistemas e muitas espécies adaptarem-se a essa alteração”, admitiu.
Nesse sentido, realçou que o objetivo da Agenda 2030 da ONU sobre o controlo da acidificação dos oceanos “só será possível” controlando as emissões de gases com efeitos de estufa antropogénicos e mudando a economia mundial até 2050.
C/Lusa