Desse montante, 848 milhões de dólares (779,8 milhões de euros) destinam-se a apoiar serviços básicos, como necessidades de saúde e educação, enquanto 781,6 milhões de dólares (719 milhões de euros) serão gastos para financiar operações de emergência em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano.
"A UNRWA continua a desempenhar um papel indispensável na vida de milhões de refugiados palestinianos. Nós esforçamo-nos para manter a prestação de serviços básicos num contexto financeiro e político incrivelmente difícil", sublinhou o diretor-geral da organização, Philippe Lazzarini, num comunicado.
“Os refugiados palestinianos – uma das comunidades mais carentes da região – enfrentam desafios sem precedentes e dependem cada vez mais da UNRWA para serviços básicos e, em alguns casos, para sobreviver”, acrescentou Lazzarini.
Segundo a agência da ONU, a maioria dos refugiados palestinianos vive agora abaixo da linha da pobreza e muitos dependem da ajuda humanitária da UNRWA.
O apelo de emergência pede 311,4 milhões de dólares (287 milhões de euros) para Gaza; 32,9 milhões de dólares (30,4 milhões de euros) para a Cisjordânia; 247,2 milhões de dólares (228 milhões de euros) para a Síria; 160 milhões de dólares (147 milhões de euros) para o Líbano; e 28,8 milhões de dólares (26,8 milhões de euros) para a Jordânia.
De acordo com a UNRWA, os desafios acumulados ao longo de 2022 – nomeadamente o “subfinanciamento, as crises globais competitivas, a inflação, as interrupções nas cadeias de suprimentos, a dinâmica geopolítica e os níveis vertiginosos de pobreza e o desemprego entre os refugiados palestinianos” – estão a colocar a agência da ONU à prova.
"Voltei recentemente da Síria, onde testemunhei em primeira mão o sofrimento e desespero indescritíveis. A situação dos refugiados palestinianos neste país infelizmente reflete-se em outros lugares, como no Líbano e em Gaza, onde a situação dos refugiados palestinianos chegou ao fundo", afirmou Lazzarini.
"Muitos disseram-me que tudo o que pedem é poder levar uma vida digna. Não é pedir muito”, sublinhou.
A crise económica no Líbano desde 2019 – uma das piores dos tempos modernos – foi um duro golpe para comunidades vulneráveis, incluindo os refugiados palestinianos.
Segundo a agência da ONU, a taxa de pobreza dos refugiados no Líbano, que era de quase 70 por cento no início de 2022, agora chega a 93%.
A UNRWA foi criada em 1949, um ano após a criação de Israel, para ajudar os mais de 750 mil palestinianos que fugiram ou foram expulsos durante a guerra de 1948, bem como os seus descendentes.