“Ontem [quarta-feira] o comité de emergência reuniu-se e recomendou-me que o surto em vários países de Mpox já não representa uma emergência de saúde pública internacional. Eu aceitei esse conselho”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus em conferência de imprensa.
Segundo disse, apesar do levantamento do nível máximo de alerta, a doença anteriormente designada por Monkeypox “continua a representar desafios significativos que necessitam de uma resposta robusta, pró-ativa e sustentável”.
De acordo com a OMS, no total, mais de 87 mil casos e 140 mortes foram notificados à OMS de 111 países.
“À semelhança da covid-19, o trabalho não acabou”, alertou o responsável da organização, ao adiantar que, apesar de o número de casos ter baixado quase 90% nos últimos três meses a nível global, o vírus está ainda a afetar comunidades em todas as regiões, incluindo em África, onde a transmissão “continua a não ser bem entendida”.
Além disso, os casos de infeção relacionados com viagens permanecem como uma ameaça e “há um risco particular para as pessoas com infeção por VIH não tratadas”, salientou Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O diretor-geral da OMS defendeu também a importância de os países manterem a sua capacidade de testagem, recomendando a integração da prevenção e do tratamento da Mpox nos programas de saúde já existentes, para permitir o acesso a cuidados de saúde e uma rápida resposta no caso de eventuais surtos.
A decisão de Tedros Adhanom Ghebreyesus surge na sequência da reunião de quarta-feira dos peritos que integram o Comité de Emergência da organização que serviu para avaliar se a Mpox deveria continuar a ser considerada uma emergência de saúde pública internacional (PHEIC, na sigla em inglês).
A OMS começou a receber há cerca de um ano as primeiras notificações de casos de infeção em países dos continentes europeu e americano e, em julho de 2022, o diretor-geral declarou o surto como uma PHEIC.
Segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde, desde 3 de maio de 2022 até 28 de abril de 2023, foram confirmados 953 casos de infeção pelo vírus mpox em Portugal, sem novos casos reportados desde a informação mensal anterior.
Segundo a DGS, os sintomas mais comuns da doença são febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos com o aparecimento progressivo de erupções que atingem a pele e as mucosas.
A PHEIC é definida como "um evento extraordinário, grave, repentino, incomum ou inesperado”, com implicações para a saúde pública para além da fronteira nacional de um Estado afetado e que pode exigir uma ação internacional imediata.
Esta foi a sétima vez que a OMS declarou a emergência internacional (mecanismo iniciado em 2005), depois de o ter feito para a Gripe A em 2009, para o Ébola em 2014 e 2018, para a Poliomielite em 2014, para o vírus Zika em 2017 e para o coronavírus que provoca a covid-19 em 2020, esta última levantada na última semana.
Lusa