"Este coronavírus representa uma ameaça sem precedentes. Mas também é uma ocasião sem precedentes para unirmo-nos contra um inimigo comum, um inimigo da Humanidade", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa videoconferência a partir de Genebra (Suíça).
Na mesma conferência de imprensa, a OMS criticou o uso de expressões como “vírus chinês” quando é para fazer referência à atual pandemia de Covid-19, utilizada com frequência por alguns políticos, como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Desde o início deixámos claro que este vírus não tem fronteiras, não tem em conta a cor da nossa pele ou quanto dinheiro temos no banco, e é importante ter cuidado com a linguagem”, afirmou, por sua vez, o diretor executivo da OMS para Emergências Sanitárias, Mike Ryan.
Questionado em concreto sobre o uso quase diário da expressão “vírus chinês” por parte do Presidente norte-americano, Mike Ryan frisou a necessidade de evitar a associação do novo coronavírus a um grupo étnico, porque “o que é preciso é solidariedade e um trabalho conjunto”.
“A pandemia de gripe de 2009 teve origem na América do Norte e não é por isso que a chamamos de ‘gripe norte-americana’”, concluiu o médico.
Os representantes da OMS destacaram ainda a forma como a Coreia do Sul está a lutar contra o novo coronavírus, com uma estratégia rápida e acertada, afirmando que o caso sul-coreano deve ser um exemplo a seguir por muitos países para conseguir vencer a pandemia de Covid-19.
“Estamos a trabalhar em conjunto com outros países com transmissão comunitária para aplicar as lições aprendidas na Coreia do Sul e em outros lugares e adaptá-las aos contextos locais”, referiu o diretor-geral da OMS.
Tedros Adhanom Ghebreyesus recordou que a Coreia do Sul combinou, entre outros aspetos, a consciencialização dos seus cidadãos com a ampliação da capacidade dos seus laboratórios para testar possíveis novos casos, racionou o uso de máscaras e praticou um acompanhamento exaustivo dos contactos com os pacientes em determinadas áreas afetadas.
Além disso, referiu ainda o diretor-geral, isolou os casos suspeitos em instalações que não fossem áreas residenciais ou hospitais, o que permitiu passar de 800 casos por dia, no pior momento do surto naquele país, para os atuais 90.
O diretor-geral da OMS destacou igualmente como uma "conquista incrível" o anúncio por parte de laboratórios na China e nos Estados Unidos de que os primeiros testes de uma vacina contra a Covid-19 já começaram, apenas dois meses depois dos especialistas chineses terem conseguido sequenciar o genoma do vírus.
Tedros Adhanom Ghebreyesus concluiu que a OMS está a coordenar-se com peritos de distintos países, como Espanha, França, Argentina ou África do Sul, para que exista uma partilha de informação sobre a investigação em curso sobre os possíveis tratamentos para os casos de Covid-19.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou, até à data, mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 82.500 recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que os contabilizados na terça-feira.
Portugal regista duas vítimas mortais da doença Covid-19 e três doentes já recuperados.
A Assembleia da República aprovou hoje o decreto de declaração do estado de emergência que lhe foi submetido pelo Presidente da República com o objetivo de combater a pandemia de Covid-19, após a proposta ter recebido pareceres favoráveis do Conselho de Estado e do Governo.
C/Lusa