Thierry Ligonnière avançou estas informações durante o 47.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorre em Ponta Delgada, São Miguel, nos Açores.
"O projeto desta primeira fase da expansão do aeroporto de Lisboa – que não é uma expansão de capacidade, porque isso implica licenciamento ambiental – […] coloca em cima de mesa a exequibilidade do aumento de capacidade no aeroporto de Lisboa", disse o responsável.
"É um projeto de 200 a 300 milhões de euros que conta com a criação de uma nova placa de estacionamento com possibilidade de colocar os aviões em contacto com a infraestrutura […], permite também expandir o Terminal 1 para Sul com mais de dez portas de embarque para termos assim o embarque e o desembarque através das pontes telescópicas", afirmou.
"Isto é um salto importante no aeroporto de Lisboa", sublinhou o CEO.
À margem do congresso, o CEO explicou ainda à Lusa que, no fundo, estas obras trarão “um bocadinho mais desempenho operacional e, eventualmente, mais capacidade de tráfego no aeroporto só pela questão da eficiência, não pela capacidade declarada”.
Sobre as obras, diz que já estão feitas a nível de projeto de execução, seguindo-se agora um processo administrativo, nomeadamente "licenciamento ambiental – não necessariamente neste caso uma declaração de impacto ambiental -", mas haverá, segundo o mesmo, uma consulta aos utilizadores, autorizações do regulador, a ANAC, uma avaliação do concedente também.
Posto isto, "se as coisas corressem assim como estamos a imaginar – sendo que é preciso ter o contributo voluntário de todas as entidades envolvidas neste processo -, mas se todos fizessem o seu trabalho rapidamente, potencialmente podíamos arrancar com as obras no fim de 2023", afirmou.
O CEO da empresa gestora dos aeroportos nacionais disse ainda que os cadernos de encargos do projeto estão prontos, falta o concurso das obras.
Ainda à Lusa, Thierry Ligonnière explicou como poderão acontecer esses ganhos de eficiência.
“Tendo posições de contacto reduz-se o recurso a autocarros e o estacionamento dos aviões em posição remota. Isto vai melhorar a qualidade de serviço e também melhorar o desempenho ambiental do aeroporto em termos gerais”, disse.
Ainda assim, questionado se as obras se traduzirão, então, num maior número de movimentos das aeronaves por hora, Thierry Ligonnière disse que vão “trazer regularidade".
"O aeroporto de Lisboa na sua capacidade atual tem dificuldades às vezes porque há irregularidades, há atrasos, há cancelamentos”, exemplificou, acrescentando que “para o aeroporto funcionar bem – para criar capacidade quando não há capacidade, de o fazer a nível da infraestrutura em si – tem de ser através do desempenho operacional”, acrescentou.
Em 29 de setembro, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, afirmou que o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, precisa de obras "já" para aumentar a sua fluidez, tendo em conta que o novo aeroporto "vai demorar".
No final do Conselho de Ministros, o governante admitiu que "o novo aeroporto vai demorar", mas que há "urgência já hoje" e que "as obras na Portela [Humberto Delgado], não permitindo aumentar a capacidade do aeroporto, vão permitir pelo menos aumentar a fluidez do funcionamento da operação aeroportuária", indicou.
Esta iniciativa "implica investimento e implica alterar as bases da concessão" com a ANA, detida pelo grupo Vinci, referiu, indicando que é nesse quadro que é possível "chegar a um valor" para este investimento, chegando a um "entendimento" com a concessionária.
Segundo o ministro, nesta negociação com a ANA para já só estão em causa das obras no aeroporto Humberto Delgado, visto que ainda não está definida a localização da nova infraestrutura.
Na abertura do congresso, o presidente da APAVT defendeu que, não se esperando que uma solução para a nova estrutura aeroportuária seja implementada nos próximos anos, era necessário avançar já com as obras no aeroporto de Lisboa para melhorar eficiência.