“Mesmo nos períodos sem excesso de mortalidade há um acréscimo em relação à média de anos anteriores. Este é um índice que o INSA está a analisar com mais detalhe, porque corresponde a um padrão não esperado de aumento sistemático de aumento da média diária de óbitos, que se considera que possa estar relacionado direta ou indiretamente com a pandemia, porque é o único evento conhecido que poderemos neste momento imaginar como estando associado a este facto, mas temos de fazer uma avaliação mais cuidadosa”, salientou.
Em declarações proferidas na audição realizada na Comissão de Saúde, da Assembleia da República, em Lisboa, a ministra adiantou que os cálculos efetuados pelo INSA detetaram a existência de quatro períodos críticos ao nível da mortalidade em Portugal no último ano, nos quais o primeiro e o último corresponderam, respetivamente, à primeira e segunda ondas pandémicas, e o segundo e terceiro ‘picos’ foram associados a situações de muito calor.
“[Houve] um primeiro período de 23 de março a 12 de abril, com um excesso de 1.057 óbitos; um segundo período de 25 a 31 de maio, com 363 óbitos em excesso; depois, um terceiro período de 06 de julho a 02 de agosto, com 2.199 óbitos em excesso; e um quarto período que se prolonga entre 26 de outubro e que ainda estava a decorrer quando esta análise foi feita a 03 de janeiro de 2021, com um excesso que era estimado em 4.429 óbitos”, explicou.
Nas respostas às questões de cerca de 40 deputados, numa audição que se prolongou por mais de cinco horas, Marta Temido vincou ainda a necessidade de reconhecer o peso das alterações climáticas que levam a fenómenos de temperaturas extremas e que se traduzem em efeitos visíveis nos números da mortalidade.