A saída do Reino Unido da União Europeia vai acontecer “dentro do prazo”, prometeu hoje a primeira-ministra britânica, Theresa May, após ter-se reunido com os presidentes das instituições europeias, em Bruxelas.
“O meu trabalho é concretizar o ‘Brexit’ e concretizá-lo dentro do prazo, e vou negociar duramente nos próximos dias para o conseguir”, declarou à imprensa, a menos de dois meses da data da saída do Reino Unido do bloco comunitário, agendada para 29 de março.
À saída da reunião com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a última do seu périplo de hoje pelas instituições europeias, em Bruxelas, Theresa May disse ter tido “discussões robustas, mas construtivas”, nas quais transmitiu a necessidade de promover mudanças “juridicamente vinculativas” no acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) para responder às preocupações manifestadas pelo parlamento britânico relativamente ao mecanismo de salvaguarda para a fronteira irlandesa.
“Essas mudanças no ‘backstop, conjuntamente com outro trabalho que estamos a desenvolver no âmbito dos direitos dos trabalhadores e outros temas, assegurar-nos-ão uma maioria estável no parlamento, e é nisso que vou continuar a insistir”, asseverou.
Reconhecendo que não vai ser fácil demover os parceiros europeus, que se mostraram inabaláveis na pretensão de não reabrir o texto do ‘Brexit’, a chefe do Governo britânico enalteceu o acordo a que chegou com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, para que as equipas de negociadores de Londres e Bruxelas retomem as conversações de modo a resolver o impasse, respondendo às expectativas da Câmara dos Comuns.
May criticou ainda a linguagem utilizada pelo presidente do Conselho Europeu na quarta-feira, revelando que a sua frase, na qual sugeria que aqueles que promoveram um ‘Brexit sem um plano teriam um lugar no inferno, “não ajudou” às negociações e causou um descontentamento generalizado no Reino Unido.
“A mensagem que lhe transmiti foi que deveríamos estar a trabalhar para assegurar que uma relação próxima entre o Reino Unido e a UE no futuro”, realçou.
A primeira-ministra britânica ‘desviou’ o seu discurso todas as vezes que foi questionada sobre a posição firme da UE de não renegociar o acordo de saída fechado entre Londres e Bruxelas em novembro, preferindo ‘corresponsabilizar’ os seus parceiros europeus pela missão de garantir uma saída ordenada do Reino Unido do bloco comunitário.
Naquela que foi a sua primeira visita a Bruxelas desde que o parlamento britânico aprovou, em 29 de janeiro, uma proposta que preconiza a substituição do ‘backstop’ para a fronteira irlandesa, inscrito no acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, por “disposições alternativas”, com vista à ratificação daquele texto pela Câmara dos Comuns, May ouviu os presidentes das instituições europeias reiterarem a sua posição de não renegociar o acordo.
Quer o presidente da Comissão Europeia, quer o presidente do Parlamento Europeu, Antoni Tajani, mostraram-se disponíveis sim para tornar a declaração política da relação futura mais ambiciosa, enquanto Tusk se limitou a ‘twittar’ que não há avanços à vista para o impasse criado pelo ‘chumbo’ do acordo de saída do Reino Unido da UE no parlamento britânico em 15 de janeiro.
Nesta deslocação às instituições europeias, May procurava em concreto mudanças juridicamente vinculativas para o mecanismo de salvaguarda, comummente conhecido como ‘backstop’, incluído no texto pactado entre Londres e Bruxelas, que pretende evitar o regresso de uma fronteira física na ilha da Irlanda.
LUSA