“Os óbitos diários em média móvel a sete dias passaram de 20.3 para 30.3 desde 16 de maio, uma subida de 50% que se acentuará nos próximos dias. A recente subida de casos provavelmente contribuirá para a subida deste indicador nos próximos 30 dias”, estima a análise de risco que a Lusa teve acesso elaborada pelo grupo de trabalho do IST que acompanha a evolução da covid-19 em Portugal.
O documento produzido por Henrique Oliveira, Pedro Amaral, José Rui Figueira e Ana Serro, que compõem este grupo de trabalho coordenado pelo presidente do Técnico, Rogério Colaço, adianta ainda que, com dados de 22 de maio, o Indicador de Avaliação da Pandemia (IAP) do IST e da Ordem dos Médicos estava nos 84 pontos, acima do “nível de alarme”, podendo chegar aos 90 pontos, tendo em conta as previsões de internamentos.
O IAP combina a incidência, a transmissibilidade, a letalidade e a hospitalização em enfermaria e em cuidados intensivos, apresentando dois limiares: o nível de alarme, quando atinge os 80 pontos, e o nível crítico, quando chega aos 100 pontos.
De acordo com os especialistas do IST, o índice de transmissibilidade (Rt) – que estima o número de casos secundários de infeção resultantes de cada pessoa portadora do vírus – está nos 1,13 em Portugal, quando em 09 de maio registava 1,17.
“Aconselhamos o reforço da monitorização e passar a mensagem de que o perigo pandémico ainda não terminou. Recomendamos a utilização de máscara sempre que o risco de contágio possa existir”, refere o documento.
De acordo com o relatório, o uso de máscara é assim recomendado em grandes eventos de massas ao ar livre, em concertos e eventos em ambiente fechado e em contexto laboral, quando se verifica uma proximidade entre trabalhadores inferior a dois metros.
Os dados do IST indicam também que a incidência em média a sete dias subiu de 14.267 para 27.388, o que se “deve, quase certamente, à retirada abrupta do uso de máscara em quase todos os contextos e à nova linhagem BA.5 da variante Ómicron” que está instalada no país.
“A positividade dos testes mantém-se em níveis altíssimos, acima dos 59%”, avança o relatório, que atribui essa subida à “eliminação da gratuitidade dos testes nas farmácias, o que leva o público a testar apenas para confirmar teste realizado de forma privada”.
A letalidade (número de óbitos face aos casos de infeção) “está a subir desde 06 de fevereiro. Passou em cerca de dois meses para o dobro dos valores de fevereiro”, estando atualmente nos 0,25%, alerta o documento, que considera que se regista uma tendência de subida neste indicador “por diminuição do efeito da imunidade acima dos 70 anos”.