O padre Agostinho Jardim Gonçalves, figura ligada a movimentos operários católicos portugueses, morreu no domingo à noite, disse fonte da Liga Operária Católica (LOC), que lamentou a perda de um “símbolo do ativismo social” da igreja.
A morte de Agostinho Jardim Gonçalves, antigo chefe de gabinete do cardeal-patriarca José Policarpo, foi divulgada pelo jornal Sete Margens e confirmada pela agência Lusa junto da LOC, organização a que esteve associado durante muitos anos.
Américo Oliveira, coordenador da LOC, explicou à Lusa que Jardim Gonçalves “é uma das figuras mais relevantes do ativismo e da Igreja em Portugal” e, “em tudo o que ele se meteu, era uma figura relevantíssima”.
Em particular, Américo Oliveira recorda o seu papel na promoção da pastoral operária, onde foi “fundamental ainda antes do 25 de abril [de 1974]”, lamentando que o tema hoje já não seja uma prioridade da discussão dentro da igreja e entre os católicos.
“Ele faz muita falta”, nos dias de hoje, porque, “em Portugal, as grandes questões ficam diluídas nos ritos, e no muito medo de arriscar desafios novos”, considerou.
As questões operárias e sociais devem ser, no seu entender, uma prioridade da igreja católica, como oportunidade de concretizar a fé na sociedade.
No passado, com outros sacerdotes da mesma geração, o padre Jardim Gonçalves “deu um contributo essencial à reflexão sobre o mundo do trabalho” em Portugal.
Irmão do banqueiro Jorge Jardim Gonçalves, ligado a movimentos conservadores da igreja católica e à Opus Dei, Agostinho Jardim Gonçalves, 92 anos, era considerado um oposicionista do regime salazarista. Em Agosto de 1957, sendo pretensão do seu Bispo proceder à remodelação do caduco “Jornal da Madeira”, Orgão da Diocese, foi nomeado seu Chefe de Redação e, no curto espaço de tempo em que exerceu tal função, iniciou uma notável alteração de conteúdos, como reconhecido pelo Pe. Tomás Paquete que, em 1960, o substituiu.
c/Lusa