Tass, RIA Novosti e Interfax citaram o Hospital Clínico Central.
O gabinete de Gorbachev havia dito que o ex-chefe de Estado estava em tratamento no hospital.
Até ao momento, não foram dados mais pormenores.
Como último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev travou uma batalha perdida para salvar um império fragilizado, mas produziu reformas extraordinárias que levaram ao fim da Guerra Fria.
O antigo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), entre 1985 e 1991, desencadeou uma série de mudança que resultaram no colapso do Estado soviético autoritário, na libertação das nações do Leste Europeu do domínio russo e no fim de décadas de confronto nuclear Leste-Oeste.
Com o poder irremediavelmente minado por uma tentativa de golpe contra o oitavo líder da União Soviética em agosto de 1991, Gorbachev passou os seus últimos meses no cargo a assistir à independência das repúblicas socialistas soviéticas até renunciar em 25 de dezembro daquele ano. A União Soviética desapareceu um dia depois.
Um quarto de século após a desintegração, Gorbachev havia contado à agência de notícias Associated Press (AP) que não considerou o uso da força generalizada para tentar manter a União Soviética unida, porque receava o caos num país nuclear.
“O país estava carregado até as bordas de armas. E isso teria imediatamente empurrado o país para uma guerra civil”, disse.
Muitas mudanças, incluindo a dissolução soviética, não tinham nenhuma semelhança com a transformação que Gorbachev havia imaginado quando se tornou líder soviético em março de 1985.
No entanto, o ex-líder soviético pode ter tido um impacto maior na segunda metade do século XX do que qualquer outra figura política.
“Vejo-me como um homem que iniciou as reformas necessárias para o país, para a Europa e para o mundo”, observou à AP, numa entrevista em 1992, pouco depois de deixar o cargo.
“Muitas vezes perguntam-me se teria começado tudo de novo se tivesse que repetir. Sim, de facto. E com mais persistência e determinação”, explicou.
Gorbachev ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1990 pelo seu papel no fim da Guerra Fria e passou os seus últimos anos a colecionar elogios e honras em todo o mundo, contrariando a visão da Rússia, onde era – e é – desprezado.
Os russos culparam-no pela desintegração da União Soviética em 1991 – uma superpotência que se dividiu em 15 nações. Os seus antigos aliados abandonaram-no e fizeram-no dele um bode expiatório para os problemas do país.
A Tass informou que o ex-chefe de Estado vai ser enterrado no cemitério Novodevichy, em Moscovo, ao lado da sua mulher.