“Não acho possível escolhermos um candidato à liderança do PSD que não tenha uma visão ambiciosa sobre o processo de aprofundamento político na União Europeia e sobre a responsabilidade europeia num contexto global, tem de ser tema central nesta campanha”, apelou, no final de uma mesa-redonda a propósito do Dia da Europa, na sua sede de campanha, em Oeiras (Lisboa).
Moreira da Silva assegurou que fará a sua parte para que os temas europeus entrem no debate interno e disse esperar que “todos estejam empenhados em fazer da Europa um tema que vá muito para além dos envelopes e das bazucas”.
O candidato justificou ter escolhido assinalar o Dia da Europa com uma mesa-redonda dedicada ao tema “Guerra, pandemia, inflação, clima: a resposta da Europa” com as sucessivas crises que o continente tem enfrentado.
“Desde 2011 que temos vivido num contexto de crises sucessivas na União Europeia: a crise financeira, depois a crise da dívida, a crise das migrações, a crise climática, a pandemia, a inflação e agora as consequências da guerra na Ucrânia”, salientou.
O candidato defendeu que não se pode olhar apenas “para a última crise, pensando que as outras se resolvem de forma natural”, e destacou a importância de a Europa não descurar a vertente de cooperação para o desenvolvimento dos países mais pobres.
“O que não investirmos aí pagaremos com agravamento de crises humanitárias, com conflitos, com insegurança”, afirmou, alertando que outros países, como a China, ocuparão nesses países o lugar que a Europa deixar vago.
O candidato defendeu também que a resposta às mais recentes crises “não passa por uma reindustrialização à porta de casa”, mas sim por “uma cooperação global mais resiliente”.
“É muito importante travar qualquer efeito nacionalista, protecionista que possa decorrer desta crise global”, apelou.
Sobre a crise enérgica, defendeu que, além da resposta imediata de redição da dependência do petróleo e gás russos, o essencial será “mesmo reduzir a dependência energética da Europa em relação aos combustíveis fósseis”.
“Também precisamos de mais democracia no contexto europeu (…) É preciso um esforço maior de comunicação e envolvimento nos processos de decisão”, defendeu.
Na mesa-redonda participaram os antigos ministros Miguel Poiares Maduro e Carlos Costa Neves, que deram o seu apoio à candidatura de Jorge Moreira da Silva, destacando a sua experiência e preparação.
“É alguém que tem uma forte experiência política e a conjuga com forte experiência profissional cá dentro, mas também internacional, sempre com sucesso, sempre com reconhecimento”, destacou Poiares Maduro, que foi colega de Governo de Moreira da Silva no XIX Governo e colaborou na Plataforma para o Crescimento Sustentável que fundou.
Poiares Maduro, que nas anteriores eleições diretas foi o coordenador da moção de estratégia global do então candidato Paulo Rangel (que disputou e perdeu para Rui Rio as eleições internas em novembro do ano passado), salientou ainda a convergência de pontos de vista com Moreira da Silva sobre a necessidade de “o PSD se reformar e adaptar aos tempos modernos”.
Na mesma linha, o antigo ministro da Agricultura Carlos Costa Neves – que será o mandatário da candidatura para os Assuntos Externos – disse ter acompanhado o seu percurso político “nos últimos 30 anos” e considera que Jorge Moreira da Silva tem “todas as condições” para aplicar a máxima de “pensar globalmente, atuar localmente”.
“Para pensar globalmente é preciso ter experiência, saber quais são as tendências mundiais, a evolução geopolítica, conhecer quais os principais problemas para depois agir localmente”, disse.
As eleições diretas no PSD realizam-se em 28 de maio e são candidatos anunciados Jorge Moreira da Silva e o antigo líder parlamentar Luís Montenegro.