“Uma das questões críticas, quanto a mim com mais impacto no ensino superior, tem a ver, por um lado, com a necessidade do ensino, ou da aprendizagem, ao longo da vida, porque são formas fáceis de adquirir conhecimento”, defendeu Manuel Heitor.
A título de exemplo, o ministro apontou o norte da Europa, que “tem uma tradição muito grande de aprender ao longo da vida”, mas para isso acontecer em Portugal “e para haver mais pessoas a estudar, é preciso ter cursos mais curtos”.
Manuel Heitor falava na ‘webinar’ "Impactos da covid-19 na internacionalização do ensino superior", numa organização da Federação Distrital de Coimbra da Juventude Socialista, no âmbito das comemorações dos 22 anos da criação do Espaço de Ensino Superior Europeu, que decorreram toda a semana com vários convidados ligados ao setor.
O governante referiu o exemplo português dos politécnicos que, nos últimos cinco anos, têm “uma experiência muito boa de reforço das formações curtas iniciais”, o que, no seu entender, é “um dos elementos mais importantes de inovação no ensino superior”.
O ministro defendeu a “continuidade das formações curtas no ensino politécnico inicial e nas licenciaturas”, sendo que, agora, “é importante passar isto para os adultos ativos e para o ensino pós-graduado nas universidades”.
“Ter formações mais curtas, mas continuar a estudar ao longo da vida é algo que aprendemos com esta crise. (…) Queremos dar oportunidade a todos de, ao longo da sua vida, adquirirem diferentes tipos de competência”, acrescentou.
No seu entender, os cidadãos não devem “tirar apenas um curso longo, mas tirarem vários cursos, uns mais curtos do que outros, podendo ir adquirindo e adaptando as suas competências à sua própria realidade”.
Segundo Manuel Heitor, que criticou as “formações excessivamente longas”, as “cargas horárias letivas [no país] são muito superiores à média europeia”, exemplificando com as “sociedades anglo-saxónicas, quer na Inglaterra, quer nos Estados Unidos, [que] têm cerca de 14 a 15 horas de aulas por semana, por estudante”.
“O centro da Europa, França, Bélgica, Holanda, tem um bocadinho mais, 16 a 18, e em Portugal já tivemos 28 horas por semana e, neste momento, estamos com 22 a 24, dependendo do curso, e por isso estamos com uma carga letiva por estudante superior à média europeia e, quanto a mim, não há razão nenhuma”, argumentou o ministro.
C/Lusa