"Bom, é tudo. Obrigado a partir dos abrigos de Azovstal – o lugar da minha morte e da minha vida", escreveu Dmytro Kozatskyi, ‘Orest’, que prometeu partilhar, enquanto estiver "em cativeiro", fotografias de melhor qualidade, que incentivou a serem enviadas para prémios jornalísticos e concursos de fotografia.
Na mensagem, o combatente partilhou também uma hiperligação para a transferência de fotografias, algumas delas já conhecidas, como as de um hospital de campanha num dos abrigos da fábrica e um militar sob um raio de luz.
As imagens refletem também as atividades diárias dos militares na siderurgia, tais como fazer uma fogueira, fazer palavras cruzadas e cortar a barba.
O comandante do regimento Denys Prokopenko anunciou hoje que os últimos soldados ucranianos entrincheirados na fábrica siderúrgica receberam ordens de Kiev para "deixar de defender a cidade".
"O alto comando militar deu a ordem para salvar a vida dos soldados da nossa guarnição, parando de defender a cidade", disse o comandante do regimento Azov, uma das unidades ucranianas presentes na siderúrgica, numa mensagem de vídeo publicada no serviço de mensagens Telegram e relatada pela agência Ukrinform.
O complexo metalúrgico, com o seu labirinto de galerias subterrâneas escavadas nos tempos soviéticos, foi a última bolsa de resistência ucraniana nesta cidade portuária no Mar de Azov, fortemente bombardeada pelos russos.
Após a recente retirada de civis, incluindo mulheres e crianças de Azovstal, 1.908 soldados ucranianos entrincheirados nas entranhas da siderúrgica, incluindo os feridos, têm-se rendido, desde segunda-feira, às forças russas, informaram as autoridades de Moscovo.
"Conseguimos salvar os civis, os feridos graves receberam a ajuda necessária, conseguimos retirá-los para uma troca posterior", explicou Prokopenko, acrescentando que espera que em breve seja também possível enterrar dignamente os soldados mortos em combate.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, das quais mais de 6,3 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.