A afirmação é feita pelo investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e da Universidade de Coimbra Nuno Peixinho, segundo o qual “estes bólides”, devido à elevada velocidade a que se deslocam, podem dar a sensação de estarem a uma distância e, afinal, “não estarem assim tão perto” de onde é observado.
Nuno Peixinho explicou que anualmente caem 50 mil toneladas de poeiras do espaço na Terra e que existe uma rede de câmaras em Portugal e Espanha, acionadas automaticamente, para registar esses fenómenos e que, através do cruzamento desses dados, é possível perceber se caiu ou não e calcular, com alguma margem de erro, o local.
“São bocados de rocha que vêm a grande altitude e velocidade, entre os 10 e os 70 quilómetros por segundo”, explicou Nuno Peixinho, em declarações à agência Lusa.
Segundo o investigador, tal como as estrelas cadentes, embora estas sejam muito mais pequenas, consomem-se na atmosfera e é desse processo químico que resulta o rasto de luz que se vê, que no caso do azul “indica que o tipo de material que está a arder, a vaporizar, é o magnésio”.
“Como andam a vários quilómetros por segundo, contra o ar, a pressão que aquilo faz na atmosfera é tão grande que as temperaturas atingem facilmente os 25 mil graus, e a essa temperatura vaporiza tudo”, sublinhou Nuno Peixinho, para quem, enquanto cientista, seria interessante ter material para analisar.
O investigador frisou que, “como se ensina na escola, se caiu no chão é meteorito, se não caiu é meteoro”.
Nuno Peixinho realçou que não há motivo para qualquer receio por um meteoro desta dimensão ser observado em Portugal já que é um “fenómeno isolado”.
A maioria dos meteoritos caem no oceano e, estatisticamente, dada a dimensão de Portugal, é menos provável que caia no solo nacional.
“Seria preciso muito azar para um meteorito cair em cima de alguém ou de alguma coisa”, acentuou o astrofísico.
Segundo Nuno Peixinho, “pode não ter caído nada inteiro em tamanho razoável para que se perceba que caiu”.
“É bem possível que alguns fragmentos tenham caído, a grande questão é saber se os vamos conseguir encontrar”, o que poderá ser uma “questão de sorte ou persistência”, e não acontecer necessariamente perto daquilo que é a perceção das pessoas que viram o clarão.
O astrofísico enfatizou que quanto maior o tamanho dos meteoros, menos há e “um que faça esta luz, com rasto do bólide (a que os americanos chamam fireball), é raro”.