Um dia depois de a Alemanha ter assumido a presidência semestral rotativa do Conselho da UE – que assinala o trio de presidências do qual Portugal faz parte -, o Governo alemão e o executivo comunitário celebraram hoje uma reunião por videoconferência, no final da qual tanto a chanceler Angela Merkel como a presidente da Comissão, a sua compatriota Ursula von der Leyen, insistiram na urgência de os 27 chegarem a um acordo o quanto antes sobre o Fundo de Recuperação e o orçamento da União para 2021-2027.
Na conferência de imprensa que se seguiu, desde Berlim e Bruxelas, em alemão e sem interpretação simultânea, Merkel insistiu que a UE enfrenta “a situação mais difícil da sua história”, face à crise provocada pela pandemia de covid-19, que, notou, ainda não chegou ao fim.
“A cada dia que passa vemos que o vírus não desapareceu, ainda que tenhamos aprendido a viver melhor com ele”, apontou a chanceler, segundo a qual os números do impacto da crise da covid-19 mostram que é urgente “reativar a economia europeia” e, para tal, é necessária “uma resposta contundente” por parte da UE.
Merkel assumiu de novo como grande prioridade da presidência alemã “a superação da crise”, e defendeu a proposta apresentada em final de maio pela Comissão Europeia – com muitos traços comuns com uma proposta franco-alemã avançada pouco antes -, de um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros (dois terços dos quais a serem canalizados para os Estados-membros através de subvenções), associado a um Quadro Financeiro Plurianual para os próximos sete anos num montante de 1,1 biliões de euros.
Segundo a chanceler alemã, a proposta que os chefes de Estado e de Governo dos 27 vão discutir no próximo Conselho Europeu de 17 e 18 de julho é uma resposta adequada para ultrapassar a crise, mas também para garantir políticas importantes no futuro como a luta contra as alterações climáticas e a digitalização da Europa.
Por seu lado, Von der Leyen destacou a “enorme pressão” que o calendário impõe para que seja alcançado um compromisso em tempo útil, e exortou os 27 a “olhar além de alguns interesses limitados” e focarem-se nos benefícios para a UE como um todo.
A presidente da Comissão garantiu ainda assim estar otimista num acordo a breve prazo, avançado com duas justificações: constatar que há “unanimidade no Conselho relativamente à necessidade de uma resposta sem precedentes”, assim como quanto à “abordagem, de aproveitar o pacote de 750 mil milhões de euros para investir na modernização do mercado único”.
“Claro que haverá muitos, muitos detalhes a ser negociados, como a dimensão [do Fundo] e questão das subvenções e empréstimos, isso sem dúvida, e a proposta original sofrerá inevitavelmente alterações no processo institucional [envolvendo Conselho e Parlamento Europeu], mas a construção geral não é questionada e isso é muito bom sinal”, sublinhou.