Em declarações à agência Lusa, Helena Terleira explicou hoje que o documento foi lançado no sábado por um grupo de médicos da Unidade Local do Alto Minho (ULSAM), e que “em 24 horas foi subscrito por 186 médicos de todo o país”.
Segundo a médica, hoje, pelas 13h00, o total de assinaturas era de 203, sendo que 81 trabalham na ULSAM.
Na carta aberta que será enviada a Manuel Pizarro em 1 de setembro, os médicos afirmam que “têm cumpridas as 150 horas de trabalho suplementar obrigatórias até 11 de setembro, data em que decorrerá uma reunião da maior importância entre sindicatos e Governo, cujo objetivo é, como desde há 16 meses, estabelecer uma plataforma mínima de entendimento que permita ultrapassar o impasse existente e que tem motivado as múltiplas ações de protesto legítimas dos médicos”.
“Na ausência deste entendimento, no dia seguinte, 12 de setembro, faremos valer a declaração de indisponibilidade para a prestação de trabalho suplementar acima das 150 horas anuais, com impacto negativo na dinâmica dos serviços de saúde que estão, como sabemos, claramente dependentes do trabalho extraordinário dos médicos”, lê-se no documento.
Contactada pela Lusa, fonte do Ministério da Saúde afirmou que, “estando o processo negocial em curso, seria extemporâneo uma pronúncia pública” sobre a carta.
“O Ministério da Saúde está profundamente empenhado no processo negocial com os sindicatos médicos. O Ministério da Saúde toma boa nota da referida carta, mas estando o processo negocial em curso seria extemporâneo uma pronúncia pública sobre a mesma”, respondeu à Lusa.
Helena Terleira explicou que a carta aberta pretende “comprometer os sindicatos e o Governo a terminar um impasse negocial que tem bastante impacto nos hospitais que dependem das horas extraordinárias, como é o caso do de Viana do Castelo”.
“Queremos que os sindicatos e o Governo tomem decisões”, sublinhou.
Os médicos “reclamam a revisão das grelhas salariais, com um salário base digno para todos e melhores condições de trabalho, e não querem mais horas extraordinárias”.
“O que o Governo propôs aos médicos são aumentos salariais indignos e com piores condições de trabalho, com mais horas extraordinárias e perda de direitos adquiridos. É preciso sair deste impasse negocial que nunca mais acaba. Queremos negociações sérias”, reforçou.
Os médicos dizem entender “a complexidade e importância do Serviço Nacional de Saúde (SNS)” e reconhecer “os esforços para manter o seu funcionamento adequado”.
“No entanto, as condições de trabalho atuais têm impactado negativamente a saúde mental, física e a qualidade de vida de todos os profissionais de saúde. Estamos unidos na busca da melhoria de condições na nossa profissão, que resultarão em benefícios não só para o SNS, como para toda a nossa população”, refere a carta a enviar ao ministro da Saúde.
Os médicos pedem a “consideração” de Manuel Pizarro às suas “preocupações e reivindicações”.
“Estamos, como sempre estivemos, empenhados em contribuir para que o SNS seja o garante da saúde da população, incentive a excelência médica, mantendo a dignidade dos profissionais de saúde. Agradecemos a sua atenção relativamente a este assunto crítico e aguardamos uma resposta célere por meio de ações concretas”, frisam.