“Quanto mais tempo isso levar, maior é o risco de o Reino Unido nunca sair. O que significaria deixar que o ‘Brexit’ pelo qual o povo britânico votou se escape por entre os dedos”, alertou Theresa May numa mensagem divulgada no sábado à noite.
“Não vou aceitar isso. É fundamental concretizarmos o que as pessoas decidiram pelo voto e, para isso, temos de conseguir um acordo”, acrescentou.
May pediu na sexta-feira aos restantes 27 Estados-membros da UE um adiamento da data de saída do Reino Unido de 12 de abril para 30 de junho e iniciou negociações com o Partido Trabalhista para um compromisso que permita que o Parlamento aprove o acordo do ‘Brexit’, depois de o acordo negociado com Bruxelas ter sido chumbado três vezes na Câmara dos Comuns.
Mas os três dias de negociações com os trabalhistas já concluídos não produziram resultados e o ‘Labour’ acusa o governo de May de não apresentar nenhuma verdadeira mudança.
“Não vi nenhuma grande mudança na posição do Governo até agora”, afirmou o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, no sábado. “Estou à espera de ver as linhas vermelhas moverem-se”.
No comunicado que divulgou, Theresa May afirma que há “diversas áreas em que os principais partidos estão de acordo”, como “acabar com a livre circulação” de pessoas, “sair com um bom acordo” e “proteger os postos de trabalho”.
“Estas são as bases para chegar a um compromisso com o qual possamos obter uma maioria no Parlamento, a única forma de materializar o ‘Brexit’”, sublinha.
Segundo a imprensa britânica, o Governo de May está disposto a ceder a algumas exigências dos trabalhistas, designadamente uma relação comercial com a UE após a saída mais próxima do que a que previa até agora.
May admite também, ainda segundo a imprensa, apresentar legislação para que um eventual novo primeiro-ministro possa reverter essa decisão e opte por um ‘Brexit’ mais duro.
As negociações com os trabalhistas acentuaram as críticas a Theresa May dentro do seu Partido Conservador.
Um grupo de dezenas de eleitos municipais conservadores subscreveu uma carta em que os seus eleitores não aceitam o rumo que o processo de saída tomou e adverte que “o apoio ao partido está em queda livre”.
LUSA