Os resultados do estudo desenvolvido por aquele departamento da Universidade Católica, no contexto da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e no pós-pandemia de covid-19, apontam também para que, considerando outras religiões, “56% dos jovens portugueses são religiosos”.
A religiosidade “é uma dimensão importante da vida dos jovens em Portugal”, sendo que cerca de 88% dos que se afirmam religiosos são católicos [seguindo-se 6% evangélicos ou pertencentes a uma religião cristã protestante e 1% testemunhas de Jeová], e destes, 68% dizem ser praticantes, aponta o trabalho hoje divulgado e que foi realizado entre abril e outubro de 2022, contando com 2.480 respostas ao inquérito.
A equipa coordenada por Patrícia Dias aponta, nas conclusões, que estes são valores significativos, dada a “perceção, mais ou menos generalizada”, de que se vive “numa sociedade dessacralizada”.
O estudo aponta que “um terço do total de jovens (34%) diz-se não só religioso como praticante, orando regularmente, participando em celebrações ou estando em grupos da sua comunidade religiosa”.
Quanto aos crentes não praticantes, “o principal motivo apontado para a ausência de prática religiosa é a falta de compromisso e empenho”, contudo, no grupo etário dos 18 aos 30 anos (jovens adultos), “a ausência de prática religiosa fundamenta-se mais no desacordo com algumas normas dessa prática (44%)”.
Por outro lado, o inquérito permitiu concluir que a prática religiosa “é acompanhada de bastante tolerância em relação a diferentes manifestações de religiosidade”, com 51% a considerar “haver verdade em todas as religiões”, sendo uma minoria os que dizem que só a sua religião é a verdadeira (5%) ou mais verdadeira que as outras (12%).
Verifica-se ainda que “11% dos crentes praticantes afirmaram participar em atividades de outras religiões (…), porque encontram paz interior (4%), para acompanhar familiares ou amigos (3%) ou porque se sentem bem acolhidos (3%)”.
Outro ponto sobre o qual incidiu o inquérito prendeu-se com a discriminação sofrida devido às posições religiosas, verificando-se que 18% do total de jovens responderam já terem sido discriminados, sendo a percentagem mais elevada entre os jovens adultos [18-30 anos], 24%. Entre os amigos e na escola/universidade foi onde mais se verificou essa discriminação.
O estudo “Jovens, Fé e Futuro” aborda, também, as preocupações das novas gerações em relação aos próximos tempos, sendo que a guerra (63%), as alterações climáticas (55%) e a equidade e discriminação (54%) são os assuntos mais sensíveis para o universo total de inquiridos (religiosos e não religiosos).
Por outro lado, o trabalho do CEPCEP aponta que para os jovens não religiosos “não é importante constituírem uma família que inclua filhos”, objetivo que “é importante para os religiosos”, os quais “não valorizam tanto poderem fazer as escolhas que quiserem, independentemente da família ou da sociedade”.
“Os católicos, mais do que a estabilidade no trabalho, valorizam terem um trabalho que os faça felizes e encontrarem um parceiro/a para partilhar a vida, bem como constituir uma família com um ou mais filhos”.
Quanto aos valores que consideram mais importantes, o universo do estudo apontou o respeito (59%), a liberdade (57%), o amor (52%) e a honestidade (51%), com os jovens não religiosos a colocarem a ênfase na liberdade e os religiosos no amor.
De notar, também, que “os jovens não são muito participativos em termos de ativismo (15%) ou voluntariado (26%)” e que “45% dos católicos acreditam que a oração pode contribuir para um futuro melhor”.
A equipa responsável pelo estudo conclui que existem variações em função da religiosidade, quanto à ordenação das preocupações ou aos fatores que determinam a felicidade futura dos jovens, mas adianta que, a escolher “o fator que mais marca a diferença entre os jovens religiosos e os não religiosos seria a família, quer como preocupação, que como fator de felicidade”.
“Conhecer as suas crenças, os valores que regem a sua conduta, a forma como perspetivam o futuro, mostram-se objetivos determinantes para melhor compreender e acompanhar os jovens no seu caminho da espiritualidade e da fé (religiosa ou não)”, consideram, ainda, os responsáveis pelo estudo.