A Cáritas Portuguesa manifestou-se hoje preocupada com a situação na Venezuela, sobretudo com a fome entre as crianças, a falta de medicamentos e a violência que afetam a população, incluindo a comunidade portuguesa.
Segundo um comunicado hoje divulgado, "a Cáritas Portuguesa está preocupada com a atual situação da Venezuela, de onde diariamente chegam alertas para o aumento do número de crianças com fome e de doentes sem acesso a medicamentos, para além dos muitos relatos de violência que estão a afetar, entre outros, a comunidade portuguesa".
"Em contacto com a sua congénere venezuelana, a Cáritas Portuguesa já ofereceu a sua solidariedade e disponibilidade para ajudar a população daquele país, sobretudo os mais necessitados", indicou o documento.
A organização portuguesa disse que também está em contacto com a Caritas Internationalis, que se prepara para acionar os mecanismos de apoio.
A Cáritas Portuguesa apela também às autoridades portuguesas para que acompanhem a situação precária desta população, "nomeadamente dos concidadãos emigrados", e que intensifique os contactos com instâncias internacionais que levem os governantes venezuelanos a respeitar os direitos humanos e as convenções internacionais que os defendem e garantem.
A Cáritas Portuguesa fez um apelo ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para que não abrande os seus esforços pela reposição da democracia na Venezuela.
A Cáritas da América Latina e Caribe divulgou, na terça-feira, uma mensagem do seu presidente, o bispo venezuelano José Luís Azuraje, apelando à comunidade internacional que ajude o país "a reencontrar o seu caminho democrático e a recuperar a dignidade do seu povo".
José Azuraje lembra que a "Venezuela é um país com muitas potencialidades económicas que está refém de uma política que veio por em causa a liberdade individual dos seus cidadãos e, consequentemente, o seu bem-estar social e a sua subsistência".
"Pedimos a ajuda da comunidade internacional para que, através dos seus instrumentos diplomáticos, possa contribuir para criar um caminho através do qual se abram possibilidades de restaurar a democracia no nosso país", disse na mensagem Azuraje.
"A Venezuela está, neste momento, a viver uma crise económica, política e social. Esta situação está a causar ao nosso povo um sofrimento que nunca antes tínhamos vivido na nossa democracia. O Governo levou avante a sua vontade de modificar todas as estruturas e regras já estabelecidas na nossa sociedade e fê-lo de uma forma que é estranha ao povo venezuelano, ou seja, pela dominação e pela repressão", afirmou o bispo.
Segundo Azuraje, "neste momento o povo enfrenta uma situação muito difícil que afeta a sua liberdade individual e a sua própria subsistência. Existem atualmente graves constrangimentos na capacidade de abastecimento e de acesso a alimentos e medicamentos".
De acordo com a Cáritas Portuguesa, a diretora-geral da Cáritas Venezuelana, Janeth Márquez, divulgou no início desta semana um relatório segundo o qual 11,4% das crianças com menos de 5 anos sofrem de má nutrição grave no país.
"O sistema de saúde entrou em colapso. Os hospitais estão a ficar sem medicamentos, há doenças a serem transmitidas por mosquitos, incluindo zika, dengue e malária, o que se reflete num aumento drástico da taxa de mortalidade infantil e materna", indicou ainda o bispo venezuelano na sua mensagem.