A Madeira vai ter um Centro de Recuperação para Aves Feridas devido ao encadeamento da iluminação pública, anunciou hoje a secretária regional do Ambiente e Recursos Naturais da Madeira, Susana Prada, no âmbito da apresentação do projeto Luminaves.
"Um dos objetivos do projeto Luminaves é a criação de um Centro de Recuperação para Aves Feridas que funcionará junto do Jardim Botânico", afirmou.
O projeto Luminaves é desenvolvido, na Madeira, pelo Instituto Regional das Florestas e da Conservação da Natureza e pela Sociedade Portuguesa para o Estudo da Aves (SPEA) e integra entidades dos Açores e das Canárias.
"É um projeto que tem como objetivo trabalhar em três pilares distintos, um no âmbito do conhecimento das aves marinhas; outro no sentido de melhorar uma rede de resgate das aves marinhas encadeadas pela iluminação pública e outro ainda relacionado com a diminuição da poluição luminosa", explicou Kátia Gouveia, coordenadora regional da SPEA.
A bióloga referiu que a costa sul da Madeira é a mais crítica no que diz respeito ao encadeamento das aves e que, em média, "cerca de 200 aves marinhas são resgatadas anualmente".
Contudo, disse acreditar que o número de aves afetadas "seja superior".
Para Kátia Gouveia, uma boa prática para diminuir estas ocorrências seria utilizar temporizadores na iluminação pública, que permitiriam proteger a natureza e obter ganhos de eficiência energética.
O responsável nacional da SPEA, Domingos Leitão, criticou o abate do pombo torcaz na Madeira, a libertação de coelhos na natureza das ilhas da Macaronésia [Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde] e a plantação de espécies invasoras como as coroas de Henrique pelas encostas da região.
A esta crítica, a secretária regional contrapôs, dizendo ser necessário articular desenvolvimento, proteção da natureza e tradição.
"Não pode ser uma rutura brusca, os senhores da conservação pura esquecem-se que o mundo é habitado também por pessoas", afirmou.
LUSA