Miguel Albuquerque falava na Assembleia Legislativa da Madeira no decorrer do debate mensal, subordinado ao tema “Economia”, proposto pela conferência de representantes do parlamento madeirense, no qual esteve acompanhado pelo vice-presidente do executivo regional, Pedro Calado.
O governante insular respondia a uma crítica do líder parlamentar do PS, Victor Freitas, sobre os decréscimos verificados no turismo, nos dois principais mercados emissores para a região, o que afeta o mais importante setor da economia do arquipélago.
O responsável explicou que a quebra no mercado alemão está relacionada com as falências das companhias aéreas Nikki e Air Berlin. No caso do Reino Unido, indicou que se deve à “desvalorização da libra devido ao ‘Brexit’ e falência da Monarch”.
“Estamos atentos para encontrar mercados alternativos”, disse, apontando uma “compensação com os mercados nórdicos” e assegurando que o Governo Regional vai “reforçar verbas para a promoção junto dos mercados alemão e inglês em 700 mil euros”.
Miguel Albuquerque também vincou que “a Madeira tem crescido mais que a zona Euro”, apontando que os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, entre 2012 e 2016, de 13% para a Madeira, 10% nos Açores e de 12% no país.
“Há crescimento em todos os setores regionais”, disse, mencionando que se regista uma redução da taxa de desemprego “indiscutível”, que se situa nos 8,9% e que “podia ser menor” se não fosse a situação do regresso dos emigrantes da Venezuela.
Segundo o chefe do executivo insular, “independentemente da retórica, há uma demonstração insofismável [do crescimento económico na região], que tem tido reprodução no rendimento das famílias”, que estão a auferir de um crescimento na ordem dos 3%.
Também destacou a “aposta na diversificação económica”, tendo vindo a registar-se aumentos em setores como a pesca, agricultura e vinho, para que a região “não fique somente dependente do turismo”.
Respondendo ao deputado do JPP Élvio Sousa sobre o “silêncio” do Governo Regional relativamente à “decisão histórica” de revogar a licença e lançar um concurso internacional para a concessão e reestruturação dos portos do arquipélago, Miguel Albuquerque esclareceu que está dependente de um processo contencioso em tribunal.
O responsável assegurou que nesta matéria “está tudo preparado” e que o concurso para a ligação de uma linha marítima entre a região e o território continental está em curso.
O deputado do CDS Rui Barreto considerou, contudo, que o “propalado crescimento da economia” feito pelo executivo regional do PSD – registando-se uma retoma depois de ter “encolhido” 10% desde 2010 – “não está a chegar aos bolsos dos contribuintes madeirenses”.
Já o deputado do BE Roberto Almada afirmou que a “economia pujante não conseguiu responder” aos problemas em áreas como a saúde, dos dois terços dos desempregados na região que “não têm acesso a qualquer subsídio, o que agrava a pobreza” no arquipélago e a situação da população idosa.
Miguel Albuquerque reagiu recordando que o Orçamento Regional para 2018 prevê “80 milhões de euros para apoios sociais”.
O parlamentar do PCP Ricardo Lume realçou a questão da precariedade laboral, que, afirmou, continua a aumentar na Madeira, e a deputada do PTP Raquel Coelho declarou que “a democracia é a primeira vítima quando a economia não funciona”.
Por seu turno, o deputado independente (ex-PND) censurou “a concentração do grande poder da economia em três ou quatro empresas” no arquipélago, promovendo um “oligopólio económico” e criticou o executivo regional porque “acobardou-se perante os grandes grupos económicos”.
Miguel Albuquerque concluiu que o Governo da República e o primeiro-ministro devem "cumprir os compromissos assumidos com os madeirenses", porque "se [António Costa] não o quiser fazer está a prejudicar a Madeira".
LUSA