“Essa aposta social é uma aposta que o Governo [regional] quer fazer e com a qual quer continuar, porque não se pode só tratar da diáspora só sob a forma de divertimentos e de festas”, disse.
Rui Abreu falava à agência Lusa pouco antes de deixar a Venezuela, onde esteve de visita desde 22 de abril e contactou com as autoridades lusas locais e portugueses de várias cidades, entre elas Caracas, Barquisimeto, Maracay e La Guaira.
“Procurei, nesta visita, abarcar diversos setores da nossa emigração aqui na Venezuela, da sociedade madeirense. Visitei nove clubes ou centros, dos quais constatei que apenas dois estão com algumas dificuldades, um deles em retomar a sua atividade depois da pandemia”, explicou.
Rui Abreu explicou que “isso permitiu ter algum retrato a esse nível”.
Além disso, o governante visitou também o Lar Geriátrico Luso-venezuelano de Maracay e o Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira em Los Anaucos (Caracas), onde foram “assinados dois contratos-programa de um pequeno apoio para a gestão diária dos idosos”.
“A esmagadora maioria das pessoas que se encontram nesses lares são madeirenses e nós também temos o dever de olhar para aqueles que foram os nossos pais, os nossos avós”, disse, sublinhando que “esses dois contratos-programa são historicamente os primeiros que são assinados pelo Governo regional no estrangeiro”.
Segundo Rui Abreu, “já tinha havido algumas ajudas aos lares, de forma indireta, direta não” e as intenções foi “mostrar também a solidariedade” das autoridades regionais para com os mais desfavorecidos, “aqui na Venezuela, onde há uma comunidade tão grande” proveniente da Madeira.
Rui Abreu, que já tinha estado na Venezuela em 2016, chamou a atenção que encontrou “diferenças” que “talvez quem esteja aqui (Caracas) não note muito”.
“Há muita imagem lá fora ainda de que na Venezuela não há produtos básicos, como leite, massa, arroz e por aí em diante. Constatei que isso não é verdade, visitei inclusive supermercados e estão totalmente abastecidos. Isso já tem algum tempo assim, mas a imagem que passa lá fora ainda é outra”, disse.
“Em conversa com muitos migrantes com quem estive, aquilo que me transmitem também é de que há alguns sinais positivos de que se vê num país, para alguma melhoria em certas situações”, acrescentou.
Insistindo que não quer imiscuir-se na política venezuelana, explicou que “mesmo a nível da segurança há uma pequena melhoria", referindo: "Eu sinto isso”.
“Claro que a segurança aqui sempre foi um pormenor, mas também só se resolve quando se resolverem outros desequilíbrios que a sociedade venezuelana tem, nomeadamente no rendimento das famílias mais desfavorecidas”, disse.
Sobre a TAP, explicou que a comunidade vê com bons olhos a retoma dos voos para Caracas, mas sublinhou que sendo “uma empresa pública que beneficiou de mais de 3 milhões de euros do Estado português, tem o dever de servir a sua diáspora”.
“O retomar das viagens da TAP é positivo, aliás vê-se pelas pessoas. Toda a gente com quem falei está satisfeitíssima, mas há outra questão que é o preço das viagens, que neste momento é bastante alto”, disse.
O político madeirense disse ainda que uma vez que a maioria dos imigrantes da comunidade portuguesa na Venezuela são oriundos da Madeira, o Governo regional vai “continuar a lutar para que uma vez estabilizada a ligação regular da TAP a Caracas” haja um voo semanal ou quinzenal com escala direta no Funcha.
"Como já tivemos em tempos idos e que foi uma ligação que funcionou muito bem, de Lisboa, Funchal, Caracas, e Caracas, Funchal, Lisboa”, comentou.
Sobre a migração de luso-venezuelanos para a Madeira, explicou que foram para o arquipélago entre 10.000 e 12.000 pessoas, nos últimos anos, e que isso teve aspetos positivos para a economia madeirense em áreas como a restauração, mas, referiu: “Há muita gente há espera que a Venezuela melhore para regressar”.
Por outro lado, indicou que 1.700 crianças luso-venezuelanas estão a estudar na Madeira, o que é positivo também para a região porque estavam a ser fechadas escolas.