É para contrariar esta concentração de estudantes sobretudo em Lisboa e no Porto que o Governo vai avançar com uma redução de vagas no acesso a nove instituições de ensino superior, segundo um despacho já enviado para publicação em Diário da República.
No próximo concurso nacional de acesso ao ensino superior haverá menos lugares à disposição dos alunos que pretendam entrar na Universidade Nova de Lisboa, Universidade do Porto, Universidade de Lisboa, ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Instituto Politécnico do Porto, Instituto Politécnico de Lisboa, Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Escola Superior de Enfermagem do Porto e Escola Superior de Enfermagem de Lisboa.
Os números provisórios da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) indicam que dos 358.919 estudantes inscritos em 2017/18 nas universidades e politécnicos públicos e privados do país, 37,6% (135.026) frequentam instituições na Área Metropolitana de Lisboa e 32,5% (116.963) no Norte do país.
No Centro, os dados referentes ao Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior (RAIDES) registam 78.385 estudantes (21,8%) inscritos no mesmo ano letivo, no Alentejo 14.863 (4,1%) e no Algarve 7.820 (2,1%). A Região Autónoma da Madeira conta com 3.120 estudantes (0,8%) e a dos Açores com 2.742 (0,7%).
A ideia de reduzir as vagas de acesso a algumas instituições de Lisboa e Porto já tinha sido anunciada em fevereiro pelo ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, tendo levado à contestação por parte de alguns dos reitores e presidentes das instituições afetadas.
No documento que será agora publicado, o ministro justifica a medida com a crescente concentração de vagas e de alunos nas zonas de Lisboa e Porto em detrimento das restantes regiões do país.
Entre 2001 e 2017, o número de vagas iniciais nas instituições de Lisboa e Porto aumentaram 31%, "tendo sido reduzidas 9% nas restantes instituições do país (redução de 2657 vagas)”, refere o documento.
De acordo com os dados oficiais, as universidades e politécnicos públicos ficaram com 2.569 vagas por preencher neste ano letivo, distribuídas por 310 cursos, mas a taxa de ocupação global ficou acima dos 90 por cento.
Numa análise por instituições de ensino superior, os dados oficiais revelados no final da terceira fase do concurso para o ensino superior, no passado mês de outubro, o Instituto Politécnico de Bragança é o que regista a mais baixa taxa de ocupação de vagas, com 49,8% de lugares preenchidos, seguindo-se os politécnicos de Tomar, com cerca de 54% de ocupação, e os de Beja e Portalegre, ligeiramente acima dos 60 por cento.
As universidades de Aveiro, Coimbra e Porto, a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril preencheram a totalidade das vagas.
Em termos de áreas de formação, Agricultura Silvicultura e Pescas (38,3%), Serviços de Segurança (51,4%) e Indústrias Transformadoras (59,6%) revelaram ser as menos apelativas para os estudantes no concurso deste ano letivo.
Nas restantes áreas a taxa de ocupação é, regra geral, superior a 80 por cento.