“Desde 2014, tem havido uma debandada de famílias inteiras procurando novos destinos. A população lusodescendente que habitualmente tinha familiares em Portugal, ou tinha a possibilidade de recomeçar a sua vida em Portugal, voltava. Mas, mais do que para Portugal (…) também emigraram para outros países”, afirmou Miguel Gonçalves Freitas.
O diretor da escola da UCAB falava à agência Lusa na sede em Caracas, explicando que muitos lusodescendentes que nasceram na Venezuela “têm o mesmo problema” que ele próprio “com a questão de falar português”.
“Talvez entendam, mas falar e escrever é complicado, por isso emigram para a Espanha, Santiago do Chile [no Chile], procurando outras culturas, outras sociedades, onde podem viver com mais tranquilidade e ter um projeto de vida com mais futuro”, notou.
Por outro lado, explicou que os lusitanos têm um espírito de navegante “implícito na sua genética, então tentam sempre buscar a melhor qualidade de vida possível e quando a Venezuela já não lhes pode oferecer essa qualidade vida, não pensam muito para ir buscá-la” noutro país.
O responsável da UCAB salientou que até “à década de 1990” a emigração venezuelana estava “muito travada”, era apenas “especializada, de profissionais que perceberam que o seu trabalho era melhor remunerado fora, noutros países do que na Venezuela”.
“A Venezuela é complicada, é uma sociedade que passou por muitas mudanças, onde ocorreram crises muito severas. Nós que ficamos aqui esperamos que com o nosso trabalho e contribuição para a sociedade possamos conseguir algum câmbio, mas não necessariamente político, nas condições de vida (…), mas é evidente que há muitas pessoas que emigraram”, disse.
Para Miguel Gonçalves, os lusodescendentes são conhecidos por tratarem de fazer o seu trabalho da melhor maneira e manter boas condições de vida, nos familiares e parentes.
C/Lusa