Além de funcionários do sistema de saúde público (NHS, na sigla em inglês), as autoridades britânicas mobilizaram técnicos voluntários, aposentados ou do setor privado para vacinar, tendo a legislação sido alterada para autorizar desde estudantes de medicina e enfermagem a fisioterapeutas, radiologistas e até terapeutas da fala.
Foram também recrutados tripulantes de cabina para administrar as vacinas, como foi o caso do português Miguel Caldeira, que estava à procura de emprego depois de chegar a Londres em dezembro.
“Davam prioridade pessoas com experiência em ciências da vida, mas também a tripulações de transporte aéreo devido ao treino em primeiros socorros. Demorei mais tempo a ser chamado porque a Qatar Airways não dá referências”, disse à agência Lusa.
Comissários e assistentes de bordo, a maioria em ‘lay-off’ devido às restrições às viagens internacionais, já tinham sido envolvidos no ano passado para reforçar as equipas nos hospitais de campanha e para dar apoio a pessoas em isolamento profilático.
“É algo que nunca me imaginei fazer, mas fico feliz por estar a fazer a minha parte. Todas as pessoas a trabalhar estão felizes, animadas e apesar de os turnos serem de 12 horas, não custa muito”, garantiu.
Além dos vacinadores, as equipas incluem supervisores clínicos e profissionais de saúde, assistentes, administradores e rececionistas, e o exército também está a colaborar.
A rede de locais de vacinação começou com 60 hospitais no início de dezembro e atualmente existem mais de 2.700 locais diferentes em todo o Reino Unido, desde centros de saúde e farmácias de rua a locais maiores em grandes áreas urbanas, como centros de exposições ou desportivos, incluindo estádios e pistas de corridas de cavalos.
Para aqueles que estão em isolamento em casa ou em residências para seniores, existem equipas móveis que se deslocam. Cinemas, mesquitas, mercados e museus são alguns dos locais mais invulgares.
Como nem todas as pessoas têm médico de família, também há equipas especializadas a vacinar sem-abrigo e refugiados.
“Alguns pacientes são complicados, mas a maioria das pessoas vai com espírito aberto e felizes, porque neste momento toda a gente quer a vacina. Maioritariamente, estamos a dar a vacina AstraZeneca. Recentemente, algumas pessoas com receio perguntaram se tínhamos Pfizer”, contou Caldeira.
Vários países europeus suspenderam ou limitaram a administração desta vacina por suspeitas de causarem coágulos sanguíneos, mas tanto a entidade reguladora britânica, como a agência Europeia de Medicamentos e a Organização Mundial de Saúde consideram que é segura.
C/Lusa