"Nós mantemos firmemente todo o território, (…) mas a situação está tensa em toda a região", admitiu o governador da administração militar-civil da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, falando uma conferência de imprensa na cidade de Kramatorsk.
Segundo o responsável, a "situação mais difícil está no rumo de Izium [localidade recentemente capturada por tropas russas na fronteira com a região vizinha de Kharkiv], onde esperamos que a situação piore".
"O inimigo está a bombardear por todo o lado (…) Muitas localidades ao longo da linha fronteiriça foram destruídas pelos bombardeamentos", disse.
Desde que a Rússia retirou as tropas da região de Kiev (norte) e anunciou que queria "focar os esforços na libertação de Donbass", esta região do leste da Ucrânia com tradição na indústria mineira vive na angústia de uma grande ofensiva russa.
Kiev disse anteriormente que espera que a situação piore à medida que as forças russas pressionam o exército ucraniano, distribuído desde 2014 ao longo de uma linha de frente que faz fronteira com Donetsk ao sul e Lugansk ao leste – capitais de ambas as "repúblicas" separatistas pró-Rússia com o mesmo nome – e que agora vai até Izium, no noroeste.
Funcionando desde outubro de 2014 como capital regional do território ainda sob o controlo de Kiev, Kramatorsk está localizada no centro e corre o risco de ficar cercada por um movimento de "pinça".
"Já disse e repito: a população civil deve sair da zona. Daremos os detalhes logísticos dessas evacuações, é um processo gradual e não uma agenda da noite para o dia (…). A situação vai ficar mais difícil, isso é claro", disse o governador.
Mais a sul, a cidade portuária de Mariupol está “90% destruída” e “40% das suas infraestruturas” são “irrecuperáveis”, anunciou o presidente da Câmara Municipal, Vadim Boitchenko.
"A triste notícia é que 90% das infraestruturas da cidade estão destruídas e 40% delas são irrecuperáveis", disse, numa conferência de imprensa, acrescentando que "cerca de 130 mil habitantes" ainda estão presos na cidade.
Antes da guerra, Mariupol tinha quase meio milhão de habitantes.
"O exército russo destrói brutalmente Mariupol. (…) Os bombardeamentos são incessantes", especialmente com “lançadores múltiplos de mísseis", acrescentou Boitchenko.
Segundo o autarca, os ataques contra Mariupol vêm em particular "do mar", onde existem "navios russos".
"Planeamos retirar os moradores restantes, mas não podemos fazê-lo hoje", lamentou.
Russos e ucranianos rejeitam responsabilidade pelas dificuldades dos civis em sair de Mariupol para Zaporijia, mais de 200 quilómetros a oeste.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.417 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.038, entre os quais 171 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.