“Está a decorrer um processo de negociações, mas gostávamos que fosse mais enérgico, mais substancial”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, na conferência de imprensa diária que realiza em Moscovo.
Perkov recusou-se a avançar o tema sobre o qual as delegações russa e ucraniana estão a conversar neste momento, alegando que, “atualmente, tornar [esses assuntos] públicos só dificulta o processo, que já está a decorrer de forma mais lenta e menos substancial do que gostaríamos”.
Volodymyr Zelensky disse na segunda-feira estar pronto para discutir com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, um “compromisso” relativamente às regiões de Donbass e da Crimeia para encerrar as hostilidades iniciadas pela Rússia, embora alertando que qualquer acordo terá de ser ratificado pelos ucranianos em referendo.
A Ucrânia tem exigido, nas negociações, um cessar-fogo, a retirada das forças russas do país e a designação de países que garantam a sua segurança e intervenham em caso de ataque russo.
Moscovo, por sua vez, diz que quer desmilitarizar e “desnazificar” a Ucrânia, exigindo que o país vizinho adote um estatuto de neutralidade, além de recusar uma eventual adesão do Estado à organização de defesa militar da Europa NATO.
Na conferência de imprensa, Peskov também não quis avançar qualquer comentário sobre uma informação publicada – e quase imediatamente apagada – por um jornal russo, que contabilizava quase 10.000 soldados russos mortos durante a guerra na Ucrânia, remetendo o assunto para o Ministério da Defesa.
“Não temos essa informação”, garantiu o porta-voz, lembrando que os números de vítimas são comentados unicamente pelo Ministério da Defesa.
O jornal Komsomolskaya Pravda publicou na segunda-feira à noite informação que dava conta de quase 10.000 soldados russos mortos na Ucrânia desde 24 de fevereiro, dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia, mas a informação desapareceu posteriormente da sua página oficial.
O Komsomolskaya Pravda explicou hoje que a publicação foi colocada por um ‘hacker’ (um pirata informático), situação que, sublinhou, acontece a muitos meios de comunicação russos há vários semanas.
A Rússia reconheceu oficialmente a morte de 498 militares na Ucrânia, num comunicado divulgado a 02 de março, não tendo mais referido quaisquer números sobre baixas do país.
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, depois de meses a concentrar militares e armamento na fronteira com a justificação de estar a preparar exercícios.
A guerra já matou pelo menos quase mil civis e feriu cerca de 1.500, incluindo mais de 170 crianças, de acordo com as Nações Unidas. Além disso, o conflito provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas das suas casas, entre as quais mais de 3,48 milhões para os países vizinhos.
Segundo a ONU, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa