O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, reconheceu que “com unidades de tanques superiores na direção de Zolotaya Balka, Aleksandrovka, o inimigo conseguiu penetrar na nossa defesa”, acrescentando que as tropas russas continuam a tentar resistir à contra-ofensiva de Kiev na região de Kherson.
Kherson é uma das quatro regiões anexadas por Moscovo na semana passada, após um referendo apressado orquestrado pelo Kremlin a que a maioria da comunidade internacional não reconhece validade.
A apropriação de zonas da Ucrânia pelo Presidente russo, Vladimir Putin, ameaça levar o conflito para um nível mais perigoso, de que é sintoma o pedido da Ucrânia para aderir à NATO, logo a seguir ao anúncio das anexações.
No campo de batalha, os meios de comunicação social ucranianos destacaram hoje uma imagem de tropas ucranianas a exibir bandeiras na vila de Khreshchenivka, na região de Kherson, onde as tropas ucranianas aparentemente romperam as linhas russas.
De acordo com as autoridades ucranianas, as forças russas estão a tentar impedir as pessoas de abandonar a cidade de Kherson, facilitando apenas escassas permissões especiais para quem mostra intenção de sair.
Para o sucesso militar ucraniano nesta região, contribuíram os foguetes múltiplos HIMARS, fornecidos pelos EUA e que permitiram atingir repetidamente a ponte principal sobre o rio Dnieper, em Kherson, e uma barragem que serviu como uma segunda travessia principal.
Apesar dos ataques bem-sucedidos às linhas de abastecimento, as operações ofensivas ucranianas no sul foram mais lentas e menos bem-sucedidas do que no nordeste, já que o terreno aberto expõe facilmente as forças de ataque ao fogo de artilharia e aos ataques aéreos russos.
Ainda assim, especialistas em Defesa fiéis a Moscovo reconheceram que a Ucrânia tem soldados mais qualificados, apoiados por fortes unidades de tanques de guerra.
Um oficial russo instalado na região de Kherson, Kirill Stremousov, admitiu, num vídeo divulgado na Internet na manhã de hoje, que as forças ucranianas continuam a avançar, embora garanta que as forças de Moscovo continuam a resistir e que o “sistema de defesa da Rússia está a funcionar”.
No domingo, a Rússia atacou a cidade natal do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, bem como outros alvos, com ‘drones’, enquanto a Ucrânia retomava o controlo total de uma cidade estratégica do leste.
Num discurso esta madrugada, Zelensky referiu a libertação da cidade de Lyman, que os russos usaram como um importante centro logístico e de transporte na linha da frente, no nordeste da Ucrânia.
“A história da libertação de Lyman, na região de Donetsk, tornou-se popular nos ‘media’. Mas o sucesso dos nossos soldados não se limita a Lyman”, garantiu Zelensky.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.